A pátria dos surdos

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José Afonso Baptista

Resumo

A Pátria dos Surdos procura identificar e descrever o caminho mais apropriado – na família, na escola e na sociedade – para este grupo minoritário, com especial enfoque na sua educação e formação. Para atingir este objetivo fomos ao encontro de comunidades e de pessoas surdas, observando-as no seu meio natural e apresentando-as através de narrativas que permitem retratar e descrever os seus modos de vida e os seus percursos escolares e profissionais. Relativamente às comunidades, o foco foi posto nas línguas gestuais como elo de ligação e de inclusão; relativamente às pessoas surdas, procuramos ver os níveis académicos e as carreiras profissionais atingidos antes e depois da emergência das línguas gestuais. Os resultados mostram que os surdos não educados nas línguas gestuais raramente vão além do ensino primário, enquanto os educados nas línguas gestuais chegam com facilidade ao ensino superior, obtêm títulos académicos ao mais alto nível e entram em carreiras e profissões de alto prestígio. As línguas gestuais constituem assim um marco histórico que delimita um antes e um depois, operando o “milagre” da transformação dos “deficientes auditivos” em pessoas normais. Convivendo simultaneamente com dois mundos – surdo e ouvinte – os surdos estão “condenados” a ser bilingues “compulsivos”, apropriando a Língua Gestual como língua natural e a Língua Portuguesa como segunda língua. No contexto atual, o modelo bilingue é o caminho a seguir. “A minha pátria é a Língua Portuguesa”, escreveu Fernando Pessoa. A pátria dos Surdos é a Língua Gestual. 

Palavras-chave: Surdos, Educação, Língua gestual

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