Promoção de saúde mental na comunidade: análise conceptual

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Ana Pacheco
http://orcid.org/0000-0002-3049-7068
Jorge Martins
https://orcid.org/0000-0002-5465-470X
Mário Simões
http://orcid.org/0000-0001-9641-2998

Resumo

Introdução: Recentemente a neuropsiquiatria tem-se centrado quase que exclusivamente na correção de alterações fisiopatológicas, menosprezando inevitavelmente certos fatores psicossomáticos de doenças crónicas da comunidade. Assim sendo, torna-se necessário o desenvolvimento e aplicação de saúde mental que utilize uma abordagem mais compreensiva no tratamento de doenças incapacitantes e nos cuidados de saúde primários. Objetivo: Este estudo pretende rever o efeito da consciência do eu e consciência de morbidade, como descrito subjetivamente por pacientes durante intervenções psicoterapêuticas ou por adultos saudáveis em práticas meditativas. Materiais e Métodos: Para avaliar o efeito descrito, uma análise conceptual é proposta como método. Revendo a literatura atual sobre o “state of the art” de dinâmicas cerebrais e eixo psiconeuroimunológico, testou-se a correlação entre a experiência subjetiva do paciente e a neurociência afetiva e cognitiva. Como hipótese de investigação, pretendeu-se evidenciar os paradigmas científicos utilizados para estudar o efeito supraescrito. Resultados: Apresenta-se a limitação atual da integração das abordagens psicoterapêuticas na compreensão do bem-estar e prevenção de saúde mental, bem como a necessidade da sua implementação na medicina geral e familiar e psiquiatria comunitária. A consciência do eu e a consciência de morbidade promove o bem-estar físico e mental e contribui para o desenvolvimento de traços emocionais não patológicos. A psicoterapia clássica, assim como a meditação, permite que o indivíduo tenha acesso às suas representações internas, proporcionando o espaço mental necessário para trabalhar afetos e cognições. O acesso clínico a essas representações internas é importante não apenas no tratamento de doenças incapacitantes, mas também indispensável nos cuidados de saúde primários. Conclusão: O médico através da promoção da saúde física e mental do indivíduo, da sua família e da comunidade, tem um papel preponderante na adesão aos pressupostos de boa prática clínica. A hipótese de investigação defendida por esta análise conceptual apresenta terreno para o debate de uma medicina da comunidade mais focada na indução de políticas para o bem-estar mental, para consciência do eu e para a consciência de morbidade. Estas políticas de saúde mental na comunidade são atualmente consideradas como objetivos do programa de saúde de medicina geral e familiar, nomeadamente a abordagem centrada na pessoa e no seu contexto, direcionada para a capacitação e empoderamento do doente ou indivíduo saudável, como agente responsável pela própria saúde.

Palavras-chave: Medicina Geral e Familiar, Meditação, Psicoterapia, Neurociência cognitiva, Psiconeuroimunologia

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