A ira dos espectros inúteis: o terror em duas variações contemporâneas do Macbeth, de Shakespeare

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Miguel-Pedro Quadrio

Resumo

Parte-se da noção de ira como motor da História, que Peter Sloterdijk desenvolve no artigo «Os novos frutos da ira: Pós-comunismo, Neoliberalismo e Islamismo» (in O Estado do Mundo, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006). Face à centralidade holística do capitalismo contemporâneo, sigo Sloterdijk quando afirma esgotado o potencial ameaçador e regulador da «energia timótica» comunista. Os espectros irados que alimentaram, a contrario, o modelo social europeu volveram-se, assim, em «espectros inúteis» (Richard Sennett), marginalizados por uma constante ameaça avaliativa. O terrorismo islamita não renova, pois, uma ira produtiva, constituindo antes uma outra face deste novo vazio (conceito que impulsiona a necessidade de reconhecimento intersubjectivo, relacionada aqui com duas variações recentes sobre a peça Macbeth, de Shakespeare).

Palavras-chave: Espectro, Ira, Neoliberalismo, Reconhecimento, Terrorismo, Vazio

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Referências

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