Violência e cinema: um olhar sobre o caso brasileiro hoje

Main Article Content

Márcio Seligmann-Silva

Resumo

O texto apresenta uma discussão sobre a apresentação da violência no cinema feito no Brasil nos últimos anos. Enfocando sobretudo Carandiru, de Hector Babenco (2003), e Tropa de Elite, de José Padilha (2007), o ensaio desenvolve uma discussão sobre a utilização do dispositivo trágico (sobretudo dos conceitos de medo, piedade e catarse) nestas obras. Ele discute também o significado de obras calcadas em um discurso politicamente correto (o caso do Carandiru) e as confronta com a proposta de Padilha de narrar seu filme a partir do capitão Nascimento, um membro de um batalhão das forças de elite da polícia. Tratando do modelo do western, o artigo pensa em outros gêneros nos quais a anomia da sociedade é abordada cinematograficamente, criando figuras fortes e violentas como meio de enfrentar este estado de suspensão da lei.

Palavras-chave: Anomia, Cinema brasileiro, Cinema e violência, Compaixão, Dispositivo trágico, Representação da dor

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AAVV, Letras de Liberdade (2000), São Paulo: WB Editores Ltda.

André Du Rap (2002), Sobrevivente André du Rap (do Massacre do Carandiru), São Paulo: Labortexto Editorial.

Santo Agostinho (1987), Confissões, trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina, Petrópolis: Vozes.

Aristóteles (2003), Poética, trad. Eudoro de Sousa, 7.ª ed., Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Benjamin, Walter (1974), «Zur Kritik der Gewalt», Gesammelte Schriften, org. por R. Tiedemann e H. Schweppenhäuser, Frankfurt a.M.: Suhrkamp, vol. ii: Aufsätze, Essays, Vorträge, pp. 179-203.

Benjamin, Walter (1989), Gesammelte Schriften, org. por R. Tiedemann und H. Schweppenhäuser, Frankfurt a.M.: Suhrkamp, vol. vii: Nachträge.

Benjamin, Walter (1985), Obras Escolhidas, vol. i, Magia e Técnica, Arte e Política, trad. S. P. Rouanet, São Paulo: Brasiliense.

Daney, Serge (1992), «Le travelling de Kapo», Trafic, 4, automne/1992, pp. 5-19.

Ésquilo (2003), Oréstia. Agamêmnon, Coéforas, Eumênides, trad. Mário da Gama Kury, 6.ª ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Jocenir (2001), Diário de um Detento: O Livro, 2.ª ed., São Paulo: Labortexto Editorial.

Mendes, Luiz Alberto (2001), Memórias de um Sobrevivente, São Paulo: Companhia das Letras.

Negrini, Pedro Paulo (2002), Enjaulado: o amargo relato de um condenado pelo sistema penal, Rio de Janeiro: Gryphus.

Prado, Antonio Carlos (2003), Cela Forte Mulher, São Paulo: Labortexto Editorial.

Ramos, Hosmany (2002), Pavilhão 9: paixão e morte no Carandiru, 3.ª ed. São Paulo: Geração Editorial.

Ramos, Fernão Pessoa (2003), «Narcisismo às avessas», Mais!, Folha de S. Paulo, 03.08.2003.

Rodrigues, Humberto (2002), Vidas do Carandiru: histórias reais, São Paulo: Geração Editorial.

Seligmann-Silva, Márcio (2003), «Violência, encarceramento, (in)justiça: memórias de histórias reais das prisões paulistas», Revista Letras, 43 (2), São Paulo, 29-47, 2003.

Seligmann-Silva, Márcio (2005), O Local da Diferença. Ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução, São Paulo: Editora 34.

Seligmann-Silva, Márcio (2006) «Novos escritos dos cárceres: uma análise de caso. Luiz Alberto Mendes, “Memórias de um Sobrevivente”», Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, 27, Brasília, Janeiro/Junho de 2006.

Varella, Drauzio (1999), Estação Carandiru, São Paulo: Companhia das Letras.