Ditadura ou revolução?: a herança política e os caminhos incertos dos herdeiros da I República

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Luís Farinha

Resumo

Em 1910, a I República deu corpo às aspirações regeneradoras e patrióticas de um alargado bloco social e político que combatia o decadentismo finissecular e se comprometia, com empenho «missionário», a salvar o país do «atraso português». Porém, desde cedo se verificou que era frágil esse compromisso histórico firmado em 1908-1910 em torno da democratização e da modernização do país. No final da guerra, os republicanos democratas procuraram refundar a República, mas cedo perceberam que a «ditadura era inevitável», sem que conseguissem inverter a situação. Em 1925-1926, limitaram-se a transmitir «legalmente» o poder aos militares, em nome de uma «ditadura temporária regeneradora». Nos anos seguintes, organizaram uma resistência poderosa à Ditadura, mas não conseguiram vencer os ventos da História. Constrangidos por formidáveis dificuldades, os homens abdicaram, por muitos anos, da liberdade em nome da ordem.

Palavras-chave: República Constitucional, Democratização, Partidos políticos, Ditadura (temporária e regeneradora), Revolução, Resistência Republicana (Reviralho)

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