Fragile zones. Fragile memories, fragile images: the semantics of blurred, darkened and destroyed images in literature

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Monika Schmitz-Emans

Resumo

As fotografias recordam-nos da exigência ou da disposição para lembrar, como sustenta o argumento de Giorgio Agamben – e, nesse sentido, a sua ideia de um Dia do Juízo Final será apenas uma metáfora para um futuro que comemora (e que será a noite desse mesmo dia). Esta exigência não é apenas invocada pelas vítimas de genocídios ou assassínios em massa, ela é convencional. A arte lida com esta exigência – e nos exemplos aqui apresentados fá-lo com evidente pendor crítico. As obras abordadas neste artigo refletem a imperfeição ou o fracasso da memória, a inevitabilidade do esquecimento, e isso acontece precisamente no momento em que se tenta recordar o passado através de narrativas e fotografias, aqueles que serão aparentemente os meios mais importantes para o ato de recordar. Imagens desfocadas, escurecidas, destruídas, aquelas que recusam qualquer reflexão fidedigna, podem indicar, tal como sucede com os testemunhos incompletos ou recusados, que o passado não se presta a ser apoderado pela memória: ele desvanece-se, gradualmente mas inevitavelmente. Podemos formular o trabalho literário ou artístico como um processo capaz de gerar modelos definidos para tudo aquilo que escapa à representação: o passado imprescritível enquanto tal. A par do ato de recordar, o livro e a fotografia são igualmente representativos do ato de comemorar. Os objetos desta comemoração permanecem, no entanto, inatingíveis, como sugerem os exemplos aqui analisados.

Palavras-chave: Fotografia, Literatura, Memória, Comemoração, Conflito, Recordar

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