O diálogo ecuménico enquanto diálogo com o «outro»

Main Article Content

Fernando da Luz Soares

Resumo

Nos dois primeiros pontos deste artigo, explicita-se a tensão sentida, desde o início do Movimento Ecuménico, no entendimento da unidade cristã como, por um lado, uma mera condição prática para fazer a missão, a conquista de prosélitos, e, por outro, o diálogo entre as Igrejas, atitude de descoberta para chegar a uma Igreja unida. Para isso, analisam-se numa sucinta memória histórica alguns acontecimentos que marcaram o percurso do ecumenismo, desde a Conferência Missionária Mundial, realizada em 1910 em Edimburgo, considerada hoje o início do Movimento, até ao Vaticano II e ao seu decreto «O Ecumenismo». Referem-se também as posições de alguns ilustres teólogos, católicos e protestantes, relativamente ao exercício do ecumenismo como diálogo que leve a conhecer a realidade das diversas Igrejas e o valor da diferença. No terceiro ponto deste artigo, aborda-se a questão do «outro» e da alteridade. No quarto, liga-se esta questão às alterações sociológicas que se têm verificado na Europa Ocidental, nos últimos setenta anos, com os consequentes problemas para o diálogo ecuménico num contexto de pluralismo religioso. Apresentam-se em seguida duas histórias bíblicas de convivência em diversidade cultural: o caso de Abraão, no Antigo Testamento, e o Pentecostes, no Novo Testamento. Conclui-se, por fim, que a unidade cristã exige uma transformação na perspectiva de vida das Igrejas cristãs, que lhes permita uma atitude de verdadeira compreensão da diferença, centrada no mistério dos outros e no mistério de Deus.

Palavras-chave: Conferência Missionária Mundial, Diálogo ecuménico, Diálogo inter-religioso, Outro, Alteridade, Missão, Vaticano II

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Bianchi, Enzo (2009), Para Uma Ética Partilhada, Lisboa: Pedra Angular.

Congar, Yves (1964), Chrétiens en dialogue, Paris: Les Éditions du Cerf.

Küng, Hans (1999), Teologia a Caminho: Fundamentação para o Diálogo Ecuménico, São Paulo: Paulinas.

Maalouf, Amin (1999), As Identidades Assassinas, Lisboa: Difel.

Navarro, Juan Bosch (2002), Para Compreender o Ecumenismo, Vila Nova de Gaia: Editorial Perpétuo Socorro.

Neves, P.e Carreira das (2010), As Grandes Figuras da Bíblia, Lisboa: Editorial Presença.

Vaquero, José Sánchez (1971), Ecumenismo: manual de formación ecuménica, Salamanca: Centro Ecuménico Juan XXIII.

Vilaça, Helena et al. (2010), Religião em Movimento, Porto: Estratégias Criativas.