A exposição do sagrado no museu

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Maria Isabel Roque

Resumo

O sagrado é interdito, pelo que a sua exposição no espaço profano do museu parece ser contraditória. O cristianismo, porém, estabelece uma relação inédita no âmbito das religiões, ao restringir a interdição de forma que os objectos do culto, quando desafectos, se tornem execrados e possam assumir uma função museológica. A história da museologia portuguesa faz-se, em grande parte, a partir de iniciativas eclesiásticas e com recurso a objectos de arte sacra. Contudo, nos primeiros museus, o objecto de religião era apresentado como objecto de arte. Só mais tarde os museólogos tomaram consciência da importância de apresentar dados relativos à função, ao significado e ao símbolo. Neste sentido, a museografia actual procura estratégias que realcem o conteúdo sagrado do património religioso.

Palavras-chave: Arte sacra, Museologia, Sagrado, Museu eclesiástico, Tesouro eclesiástico

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