O bispo-menino, o rito de Salisbúria e a capela real portuguesa

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Mário Martins

Resumo

O Natal caía a 25 de Dezembro. A 26, era a festa de S. Estêvão. A 27, era a festa de S. João Evangelista. E no dia 28, a festa dos Santos Inocentes, esses meninos anónimos que Herodes mandou matar. Ora, nas catedrais da Idade Média e de acordo com velhos costumes, as crianças, sobretudo os meninos de coro, julgavam seu o dia dos Santos Inocentes, com vésperas solenes no dia anterior. E o mundo pertencia-lhes durante vinte e quatro horas, pelo menos. O mundo, quer dizer, a catedral, o paço do bispo, um pouco as ruas da cidade, etc. Assistia-se, então, à vitória da inocência (esta a ideia primitiva) e da irresponsabilidade lúdica de quem não tinha contas a dar. Com efeito, naquele dia, em muitas sés ficava de lado o prelado diocesano, substituído pelo bispo dos inocentes (episcopus innocentium) ou então bispo dos meninos (episcopus pueroruim). Certo documento de 1419, de além-Pirenéus, refere-se ao «pequeno báculo» e às sandàliazinhas para o minibispo. Um breviário de Salisbúria apontado por Du Cange (fixemo-nos bem neste caso) ordenava que os meninos de coro tivessem bispo seu: Pueri chori suum habeant episcopum.

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