Leonardo e a cultura visual da medicina

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Manuel Valente Alves

Resumo

A arte do Renascimento italiano representa um regresso ao ideal clássico da mimesis. Com base em modelos de representação universal rigorosos e complexos, como a perspectiva, as imagens possuíam uma 'vitalidade emocional' que não existia nas representações medievais. Estes artistas possuíam uma vontade de conhecer em profundidade que levaria, alguns deles, a dissecar o corpo humano, fazendo emergir a cultura visual da medicina. Ver e dar a ver o interior do corpo através da teoria da arte revolucionaram, decisivamente, os modos de pensar e representar a identidade corporal. Um dos pioneiros desta revolução é um artista, Leonardo da Vinci. Os seus desenhos anatómicos, de grande rigor e beleza gráfica, foram as primeiras imagens científicas do interior do corpo humano. Desprovidos de alegorias ou outros modos de expressão, habitualmente usados pelos artistas nas suas estratégias de representação, os seus desenhos anatómicos mostram a realidade visual do corpo. Não apenas a realidade do corpo enquanto coisa, cadáver, mas também a realidade do corpo vivo em acção, cuja dinâmica ele retrata exemplarmente através dos desenhos de sequências de movimento, em que a anatomia se liga à fisiologia, uma anatomia animata que só no século XVII se começaria a desenvolver.
Este artigo reproduz o texto e as imagens da conferência que o autor proferiu no colóquio "O génio de Leonardo da Vinci nos 500 anos da sua morte", na Academia das Ciências de Lisboa, no dia 4 de Junho de 2019.

Palavras-chave: Leonardo da Vinci, Medicina, Arte, Anatomia, Cultura visual

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