Biopolítica e pandemia: que futuro queremos?

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Margarida Amaral

Resumo

Este artigo pressupõe que o contexto pandémico que atravessamos tem consequências negativas em termos éticos e políticos. O isolamento social mantémnos cada vez mais separados dos nossos pares e o risco da nossa sobrevivência torna legítima uma política exclusivamente centrada em preocupações vitais. Em termos políticos, esta situação pode ser compreendida como o culminar de uma biopolítica que, de acordo com Foucault, se tem instalado desde o século XVIII e que, segundo Agamben, é plenamente concretizada no mundo contemporâneo. Os textos deste autor sobre a pandemia são marcados por três características fundamentais: negacionismo, crítica à acção governativa e uma preocupação com o futuro. Este artigo sublinha esta última característica, equacionando os enormes riscos que enfrentamos quando é apenas a sobrevivência que está em causa. Contudo, é igualmente importante compreender que a radicalização da biopolítica a que assistimos no mundo actual, e que se constitui como uma novidade, traz consigo a oportunidade para pensar, que todas as crises proporcionam. É este o momento de nos questionarmos acerca do mundo pós-pandémico que queremos. Será certamente um mundo eticamente mais solidário e no qual a participação política permite discutir e exercer a liberdade e os direitos no contexto de uma vida qualificada que transcende a mera sobrevivência.

Palavras-chave: Biopolítica, Ética, Futuro, Pandemia, Política

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