Economia e Política no Século XIX Português. O Caso Biográfico de José Maria Eugénio de Almeida

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José Miguel Sardica

Resumo

Bacharel em Direito, deputado, Par do Reino e Conselheiro de Estado, José Maria Eugénio de Almeida, um plebeu sem quaisquer pergaminhos aristocráticos, tornou-se conhecido, no contexto do século XIX português, sobretudo pela diversificada e milionária carreira que protagonizou no mundo dos negócios, como financeiro, contratador, especulador, comerciante, industrial e grande proprietário urbano e rural. Nascido há duzentos anos, em 1811, nos finais do Antigo Regime, quando Portugal era ainda um Estado absolutista, economicamente dependente do Brasil, socialmente estagnado, culturalmente distante da Europa, sem estradas, comboios ou fábricas modernas, morreu em 1872, em pleno apogeu do fontismo, detentor de uma das maiores fortunas portuguesas do tempo, numa monarquia liberal voltada para a Europa, medianamente ilustrada, que galgara anos na carreira da civilização e do progresso. José Maria Eugénio de Almeida foi testemunha e obreiro desta radical transformação da modernidade portuguesa. O seu património e apelido perduraram no tempo, e são ainda hoje conhecidos por terem dado nome a uma Fundação, com sede em Évora e actividade nas áreas da cultura, do ensino, da assistência, da agricultura e do património. A vida e as realizações deste self-made-man são assim um testemunho histórico das virtualidades das sociedades meritocráticas e do ethos individualista daquilo a que no presente se chama “empreendedorismo”. Mas por detrás da biografia, e a partir dela, o objectivo deste texto é também o de mostrar o tipo de relações que a economia e a política, ou seja, a sociedade civil e o Estado, mantinham entre si no século XIX português.

Palavras-chave: Eugénio de Almeida, Portugal, Século XIX, Liberalismo, Economia, Política

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