Nosce te ipsum: reflexões sobre a sabedoria

Resumo

O tema deste artigo é a Sapiência, uma concepção muito antiga, que tem vindo a ser adaptada em diferentes culturas e atraído grande interesse, tanto como no âmbito da filosofia e da religião como da ciência. No contexto do saber filosófico, são feitas referências aos filósofos gregos, do início do século VI a. C., como Pitágoras, Sócrates, Aristóteles e Heraclito. No campo da religião, basta pensarmos no "Livro da Sabedoria" da Bíblia Sagrada e, quanto à distinção entre ciência e sabedoria, evocamos o grande pensador francês Jacques Maritain. Para enquadrar a temática, reflectimos sobre a sua evolução, no Oriente e no Ocidente, procurando enunciar uma definição abrangente de sabedoria e analisar, de uma perspectiva transversal, a complexa tessitura cultural do conceito, assim como a sua natureza, origem e desenvolvimento. Refere-se, igualmente, o aparato crítico, o motivo da notoriedade da matéria e a designação de "sábio". Ao verificar que as análises mais recentes seguem um modelo culturalmente inclusivo e procuram decifrar as várias componentes que têm contribuído para a nossa actual perspectiva sobre o assunto, omeu objectivo, ao reflectir sobre a história da Sapiência e sobre o seu lugar no mundo contemporâneo -analisando a sua constituição e motivo da relevância -é contribuir para um debate com base conceptual transversal. Espero, com estas breves reflexões, incentivar os leitores a meditarem sobre os conceitos actuais e as concepções clássicas de Sabedoria, a fim de, de algum modo, coadjuvar para trazer de novo a Sapiência para a sociedade actual, possibilitando assim um entendimento competente e redefinindo melhor a condição humana e as nossas vivências. Entre outras justificações, considero que uma análise deste conceito é necessária e benéfica na nossa época em que a sapiência deveria ser vista como o mais alto ideal a atingir por ser uma virtude que leva os homens à demanda do Bem, da Verdade e do Belo, colaborando assim para o desenvolvimento pessoal e colectivo e constituindo como que um novo paradigma do século XX.