Comemoração de duzentos anos da publicação de Ivanhoe

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Maria Laura Bettencourt Pires

Resumo

A fim de celebrar o bicentenário da publicação de Ivanhoe (1819) iremos comprovar que a obra ficou famosa por ter concorrido para o aumento de interesse pela História e pela Idade Média. Quando ouvimos falar dos rebeldes recalcitrantes e selvagens das novelas gráficas dos nossos dias, vemos que Ivanhoe, no século XIX, já actuava como os anti-heróis modernos e foi o seu modelo e precursor. Verifica-se que a fama de Sir Walter Scott (1771-1832) se mantém desde há dois séculos e que o seu nome continua a ser conhecido em todo o mundo. Scott (1771-1832) nasceu nos Borders, estudou na Universidade de Edimburgo, viveu nos Trossachs, assim como em Stirlingshire e no Loch Katrine. Em 1811, comprou Abbotsford House, onde organizou uma colecção de antiguidades e uma biblioteca com 20.000 volumes. Além de ser um escritor de sucesso, tanto com a obra literária como com as suas actividades culturais, Scott contribuiu para o "mito" das Highlands e para o uso do kilt e dos diferentes tartans. Agora que as suas obras estão acessíveis também nos E-texts, como acontece com o projecto Gutenberg e com o Walter Scott Digital Archive da Universidade de Edimburgo, verifica-se que há um recrudescimento de interesse e fica comprovado que ele continua a ser apreciado por uma nova geração de leitores. Múltiplos estudos sobre recepção comprovam também a forma como a obra de Scott foi recebida e influenciou a produção artística. Os actuais leitores de Walter Scott, que estão familiarizados com os temas do Pós-colonialismo reconhecem-nos na voz narrativa de Scott, o que justifica que continue a haver interesse em ler, estudar e reeditar a sua obra por nela se tratarem questões como a instabilidade política e a violência, que resultam da mistura dos povos e da fluidez das fronteiras, assuntos bem actuais. Verifica-se, portanto, que obras literárias de valor, como as de Scott, continuam a ter interesse e a deverem ser lidas mesmo quando os seus autores há muito desapareceram. A prova da longevidade está patente também no facto de haver produções cinematográficas inspiradas na obra de Scott, como o filme Ivanhoe (1952), com o actor Robert Taylor e a versão de Walt Disney, de 1953, com Richard Todd, transformando assim o lendário Ivanhoe numa extravagante figura romântica da cultura popular e, em 1982, da versão de Hollywood, com Anthony Andrews e James Mason. Podemos, pois, concluir que Scott foi uma figura de culto no romanticismo europeu, que bem merece os monumentos que lhe foram dedicados e que contribuiu para a tomada de consciência de que as influências da poesia vão para além do âmbito literário e também devido ao seu modo diferente de combinar a história com a ficção

Palavras-chave: Ivanhoe, Longevidade, Filmes

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