Delinquência juvenil: das roturas dos sistemas de autoridade à disfunção social

Main Article Content

Filomena Ponte
Matilde Rocha

Resumo

O termo delinquência juvenil, referido num contexto de complexas sequelas sociais, reporta-se aos comportamentos ou conjunturas ponderadas como violação normativa ou de transgressão, da população juvenil. A dinâmica e a soberania dos laços sociais potenciam a integração e a acção dos controlos internos e externos. Este estudo de caso tem como protagonista um recluso do sexo masculino, com 22 anos de idade, que se desenvolveu e se incrementou num trilho de delinquência. Quisemos perceber o seu percurso desenvolvimental, o que esteve na origem deste desfecho, no sentido de evitar ou minimizar consequências severas na vida de outras crianças que crescem em condições de adversidade. Não foi nossa intenção encontrar explicações ou conclusões generalistas, embora se pressupõe relações de causa-efeito. Utilizamos como instrumentos de avaliação a técnica da entrevista, e o questionário adaptado do modelo Youth Self-Report (YSR), Questionário de Autoavaliação para Jovens (Achenbach, 1991; versão portuguesa de Fonseca et al, 1999). Concluímos que todo o percurso de vida deste delinquente, se incrementou associado ao risco, à ausência ou limitação de experiências e falta de estimulação durante os primeiros anos de vida (i.e., o vínculo com a mãe, estrutura familiar), podendo ter desenvolvido défices cognitivos, sociais e adaptativos.

Palavras-chave: Adversidade, Disfunção social, Disfunção familiar, Delinquência juvenil

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Achenbach, T. M. (1991). Manual for the Child behavior checklist / 4-18 and 1991 profile. Burlington, VT: University of Vermont, Department of Psychiatry.

Almeida, S. L.& Freire, T. (2010). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. 4ª Edição. Braga: Edições Psiquilibrios.

Almeida, A. (1995). Aspectos psicológicos da vitimação na escola: Contributos para a identificação do problema. In L. Almeida, & I. Ribeiro (Org.). Avaliação Psicológica: Formas e contextos (pp.525-540). APPORT: Associação dos Psicólogos Portugueses.

Bardin, L. (2004). Análise de Conteúdo (3ª Edição.). Lisboa: Edições 70.

Bogdan, R. & Bicklen, S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto. Porto Editora.

Baumrind, D. (1967). Child care practices anteceding three patterns of preschool behavior. Genetic Psychology Monographs, 75, 43-88.

Briggs, Dorothy C. (2000). A auto-estima do seu filho. São Paulo: Martins Fontes.

Bronfenbrenner, U., & Morris, P. A. (2006). The bioecological model of human development. In W. Damon & R. M. Lerner (Eds.), Handbook of child psychology, Vol. 1: Theoretical models of human development (6th ed., pp. 793-828). New York: John Wiley.

Carapeto, M. J. (2008) Auto-conhecimento e Adaptação Psicológica na Adolescência. Tesi Doctoral. Universidade de Barcelona.

Coie, J., & Dodge, K. (1998). Agression and antisocial behavior. In W. Damon (Eds) Handbook of child psychology: Social, emotional and personality development, 3 (pp. 119-862). New York: John Wiley & Sons, Inc.

Cool, C. (2001) O construtivismona sala de aula. Novas perspectivas para a acção pedagógica. Porto, Edições Asa.

Cooper, S., & Tiffin, P. (2006). Psychological assessment and treatment of adolescent offenders with psychopathic personality traits. Education and child psychology, 23, 62-74.

Cruz, O. (2006). Parentalidade.- Psicologias. Coimbra: Quarteto.

Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. P. (2003). Aprendizagem socioemocional na infância e prevenção da violência: questões conceituais e metodologia da intervenção. Em A. Del Prette & Z. A. P. Del Prette (Orgs.), Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção (pp.83-127). Campinas: Alínea.

Dias C. J. C. (2008). Psiquiatria Forense – A pessoa como sujeito ético em medicina e em direito – Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Dishion, T. J., & and Patterson, G. R. (2006). The development and ecology of antisocial behavior in children and adolescents. In D. Cicchetti & D. J. Cohen (Eds.), Developmental psychopathology. Vol. 3. Risk, disorder, and adaptation (pp. 503-541). Hoboken, N.J.: Wiley.

Estrela, M. T. (1992). Relação Pedagógica, disciplina e indisciplina na aula. Porto: Porto Editora.

Fonseca, A. C., & Monteiro, C. M. (1999). Um inventário de problemas do comportamento para crianças e adolescentes: o Youth Self-Report de Achenbach. Psychologica, 21, 79-96.

Harter, S. (1999). The Construction of the Self. A Developmental Perspective. NY: Guilford.

Howell, D. C. (2010). Statistical Methods for Psychoology (7ª Ed). Belmont: Wadsworth.

Lapport D. & Sevigny Lise (2002), L’Estime de soi des 6/12 ans, Hopital Sainte-Justine.

Leal, M.R. (2010). Passos na Construção do Eu. Lisboa: Fim de Século.

Lewis, M. (2004). The emergence of human emotions. In M. Lewis & J. M. Haviland-Jones.

Lopes, A.J. (2009). Comportamento, Aprendizagem E “Ensinagem” na ordem e desordem da sala de aula. Braga: Psiquilíbrios.

Maccoby, E.E. & Martin, J. A. (1983). Socialization in the context of the family: parent-child interaction. In P. H. Mussen (Ed.), Handbook of child psychology (4th ed.) (Vol.4). New York: John Wiley & Sons.

Massola, G. M., & Silvares, E. F. M. (1997). Percepção do comportamento infantil por professoras versus sexo e encaminhamento para atendimento psicoterapêutico. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 13(3), 303-309.

Patterson, G., DeBaryshe, D. & Ramsey, E. (1989). A developmental perspective on antissocial behavior. American Psychologist, 44, 329-335.

Pereira, B. (2002). Para uma escola sem violência: Estudo e prevenção das práticas agressivas entre crianças. Porto: Fundação Calouste Gulbenkian/ Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Raimundo, R., & Marques Pinto, A. (2006). Stress e estratégias de coping em criança e adolescentes em contexto escolar. Aletheia, 24, 9-19.

Rijo, D. & Sousa, M. N. (2004). Gerar Percursos Sociais (GPS), Um programa de prevenção e reabilitação para jovens com comportamento desviante - Bases conceptuais, estrutura e conteúdos. Infância e Juventude, nº2 Abril-Junho, Lisboa: Instituto de Reinserção Social.

Richardson, G. (2005). Early maladaptive schemas in a sample of British adolescent sexual abusers: implications for therapy. Journal of sexual agression, 11, 259-276. https://doi.org/10.1080/13552600500402419

Rijo, D., Pinto Gouveia, J. Terapia focada nos esquemas: questões acerca da sua validação empírica. Psicologia vol.15, nº2 (2001), p. 309-324.

Rutter, M. (2000). Psychosocial influences: critiques, findings and research needs. Development andPsychopathology, 12, 375-405. https://doi.org/10.1017/s0954579400003072

Skinner, E., & Welborn, J. (1997). Children’s coping in the academic domain. In S. Wolchik, & I. Sandler (Eds), Handbook of children’s coping with common stressors (pp. 387-422). New York: Plenum Press.