Representações de violência doméstica por mulheres vítimas e as respostas pessoais e sociais ao problema

Main Article Content

Patrícia Faro
Ana Isabel Sani

Resumo

Apresenta-se um estudo qualitativo que analisou as representações construídas por mulheres vítimas de violência doméstica, designadamente as motivações e as estratégias desenvolvidas para a cessação ou tentativa de cessação da violência, bem como as perceções e sentimentos acerca do sistema de justiça criminal (SJC). A amostra intencional compôs-se de 12 mulheres contactadas em diferentes serviços de suporte. Da análise de conteúdo às entrevistas ressaltam as dificuldades na cessação da violência e o uso de estratégias, nem sempre funcionais. Paralelamente sobressaem representações negativas do SJC, considerado pelas participantes como ineficaz, além de mais punitivo para a vítima do que para o ofensor.

Palavras-chave: Representações sociais, Violência doméstica, Sistema de justiça criminal

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Antunes, M. (2003). Violência e Vítimas em Contexto Doméstico. In C. Machado & R. Gonçalves (Eds.), Violência e Vítimas de Crimes. Vol. I. Adultos. (2ª Ed.). Coimbra: Quarteto, 46-77.

Beleza, T. P. (1993). Mulheres, Direito, Crime ou a perplexidade de Cassandra. Lisboa: Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.

Bardin, L. (2009). Análise de Conteúdo. Coimbra: Edições 70.

Casimiro, C. (2002). Representações sociais de violência conjugal. Análise Social, vol. xxxvii, nº 163, 603-630.

Dias, I. (2004). Violência na Família — Uma Abordagem Sociológica. Porto: Edições Afrontamento.

Dias, I. (2010). Violência doméstica e Justiça. Sociologia: Revista do Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vol. XX, 245-262.

Doise, W. (1986). Les représentations sociales: définition d’un concept. In W. Doise & A.

Palmonari (Orgs), L´étude des représentations sociales. Paris: Delachaux & Niestlé, 81-94.

Faro, P., & Sani, A. (2012). Guião de entrevista - Representações das vítimas de violência doméstica sobre o sistema de justiça criminal. Documento não publicado. Tese de Mestrado em Psicologia Jurídica, Porto: Universidade Fernando Pessoa.

Faro, P. & Sani, A. (2014). Reconhecimento social da violência doméstica como um problema a combater. In A. Sani, & L. Nunes (Eds.), Crime, Justiça e Sociedade. Desafios emergentes e propostas multidisciplinares. Porto: Edições CRIAP, 35-49.

Feder, G. S, Hutson, M., Ramsay, J., & Taket, A. R. (2006). Women Exposed to Intimate Partner Violence. Expectations and Experiences When They Encounter Health Care Professionals: A Meta-analysis of Qualitative Studies. Archives of Internal Medicine, vol. 166, 22-37.

Ferreira da Silva, L. (1991). O direito de bater na mulher – Violência interconjugal na sociedade portuguesa. Análise Social, Vol. XXVI, nº III, 385-397.

Fletcher, J. (1997). Violence & civilization. An introduction to the work of Norbert Elias. Cambridge: Polity Press.

Fontanella, B. J., Ricas, J. & Turato, E. R. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, vol. 24, nº 1, 17-27.

Herman, J. L. (2005). Justice from the victim´s perspective. Violence Against Women, Vol. 11, nº 5, 571-602.

Holder, R. (2001). Domestic and Family Violence: Criminal Justice Interventions. Australian Domestic & Family Violence Clearinghouse, Vol. 3, 1-35.

Jordan, C. E. (2004). Intimate partner violence and the justice system: An Examination of the Interface. Journal Interpersonal Violence, Vol. 19, nº 12, 1412-1434.

Lisboa, M., Barroso, Z., Patrício, J., & Leandro, A. (2009). Violência e Género – Inquérito Nacional sobre a Violência exercida contra Mulheres e Homens. CIG: Colecção de Estudos de Género 6.

Lúcio, L. (2000). Da responsabilidade da crise à crise da responsabilidade. In A. Barreto (Ed.), Justiça em Crise? Crises da Justiça? Lisboa: Publicações Dom Quixote, 32-41.

Matos, M. (2006). Violência nas relações de intimidade: estudo sobre a mudança psicoterapêutica na mulher. Tese de doutoramento não publicada. Braga: Universidade do Minho. http://hdl.handle.net/1822/5735

Machado, C. & Dias, I. (2010). Abordagens culturais à vitimação: o caso da violência conjugal. In C. Machado (cood.), Vitimologia: das novas abordagens teóricas às novas práticas de intervenção. Braga: Psiquilíbrios, 15-44.

Meyran, R. (2006). La violence: un objet d’étude en expansion. In R. Meyran (Coord.), Les mécanismes de la violence – états, institutions, individus. Auxerre: Sciences Humaines Edition, 7-12.

Mills, L. G. (2003). Insult to injury: Rethinking our responses to intimate abuse. New Jersey: Princeton University Press.

Neves, S. (2008). Amor, Poder e Violências na Intimidade: os caminhos entrecruzados do pessoal e do político. Coimbra: Quarteto.

Neves, A. S. & Fávero, M. (2010). Prefácio. In A. S. Neves & M. Fávero (Eds.), Vitimologia – Ciência e Activismo. Coimbra: Edições Almedina, 7-9.

Neves, S. & Nogueira, C. (2003). A Psicologia Feminista e a Violência contra as Mulheres na Intimidade: A (Re)Construção dos Espaços Terapêuticos. Psicologia e Sociedade, vol. 15, nº 2, 43 - 64.

Oliveira, M. (2004). Representações sociais e sociedades: A contribuição de Serge Moscovici. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 19, nº55, 180-185.

Pureza, J. M. (2002). Quem governa? Portugal e as suas teias de governação global. Revista crítica de ciências socias, vol. 63, 99-105.

Rijo, D. & Capinha, M. (2012). A reabilitação dos agressores conjugais: dos modelos tradicionais de reabilitação ao programa português para agressores de violência doméstica (PAVD). Revista Ousar Integrar, vol. 11, nº 5, 83-97.

Sani, A. (2011). Introdução. In A. I. Sani (Coord.), Temas de Vitimologia: realidades emergentes e respostas sociais. Coimbra: Editora Almedina, 5-7.

Santos, B. (1998). Reinventar a democracia: entre o pré-contratualismo e o pós-contratualismo. Oficina do CES: Centro de Estudos Sociais de Coimbra, vol. 107, 2-53.

Shimizu, A. M. & Stefano, M. S. (2004). Representações sociais de lei, justiça e injustiça: uma pesquisa com jovens argentinos e brasileiros utilizando a técnica de evocação livre de palavra. Estudos de Psicologia, vol. 9, nº 2, 239-247.

Wagner, P. (2011). Violence and justice in global modernity: Reflections on South Africa with world-sociological intent. Social Science Information, vol. 50, nº 3-4, 483-504.

Walker, L. (2009). The Battered Woman Syndrome (3. ed.). New York: Springer Pub.