O Devocionário Minhoto e as representações sociais da saúde e da doença no Minho do século XVIII

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Ana Paula Araújo
A. Duarte Araújo

Resumo

Os autores fazem uma abordagem histórica das representações sociais da saúde/ doença na população minhota e essencialmente rural do século XVIII; para tal foi feito um estudo exaustivo do devocionário minhoto, tendo por base a análise das Memórias Paroquiais de 1758, nos distritos de Braga e Viana do Castelo. Verificaram que a relação entre o Homem e a doença, naquela população e naquele momento histórico, era recheada de elementos mágico/religiosos e habitada por sentimentos de medo e de culpabilidade, que eram mitigados através de uma vivência religiosa muito própria, alicerçada em referenciais católicos, mas permeados por elementos culturais antigos, frequentemente de origem pagã, e sobretudo exprimida de uma forma pública, onde é notória a coabitação da cultura popular com a doutrina oficial da Igreja.

Palavras-chave: Saúde, Doença, Representações sociais, Fatores culturais, Minho

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