A institucionalização da formação em Serviço Social em Braga no ano de 1964
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Resumo
Neste artigo, propomo-nos compreender o processo de institucionalização da formação em Serviço Social no Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria, em Braga, no ano de 1964. Num primeiro momento, analisa-se o contexto sócio-histórico, político e ideológico na qual se inscreve esta iniciativa, tendo como referência a institucionalização do Serviço Social e as tendências da formação em Portugal. Num segundo momento, coloca-se a ênfase na importância da pesquisa histórica em Serviço Social. Para tal recorremos à evidência oral e pesquisa documental. Esta pesquisa, de caráter exploratório, configura uma retrospetiva histórica sobre a construção do conhecimento em Serviço Social procura responder às seguintes interrogações: Porque é que surgiu no ano de 1964 a necessidade de criar o Instituto de Serviço Social em Braga? Porque é que este projeto de formação não se concretizou? Através das fontes documentais conclui-se que o Instituto de Serviço Social de Braga foi reconhecido pelo Ministério da Educação Nacional por Despacho de 4 de junho de 1964. O projeto de formação, ambicioso e inovador para a época, surgiu da preocupação do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria em responder aos problemas sociais existentes na cidade de Braga. Apesar de estar tudo preparado para o Instituto iniciar a sua atividade em agosto de 1965, o projeto foi adiado por dois anos, devido à dificuldade criada pela D. Maria Carlota Lobato Guerra1 de não poder assumir a direção técnica do Instituto de Serviço Social de Braga e à falta de professores para lecionar as cadeiras de Serviço Social, factos que coincidiram com o término do mandato da Irmã Leonor Fernandes que foi substituída pela Irmã Nascimento Serra como nova Superiora Providencial do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria.
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