“Versatilidade e inconstância”: a animosidade dos jesuítas em relação ao cristianismo etíope e ao islão desde 1633

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Leonardo Cohen
https://orcid.org/0000-0001-6097-3857

Resumo

Em 1633, começou o exílio dos jesuítas que haviam conseguido converter o reino cristão da Etiópia ao catolicismo. O novo imperador, Fasilädäs, reverteu a política religiosa de seu pai Susәnyos, expulsando o patriarca
católico e outros membros da Companhia de Jesus do país africano. Partindo das margens do Mar Vermelho, os Jesuítas, acompanhados por alguns dos seus correligionários etíopes, iniciaram a viagem de regresso a Goa, passando
por situações complexas na Península Arábica. O presente artigo analisa a forma como os missionários da Companhia de Jesus se aproximaram do islão e do cristianismo etíope, a partir de 1633, como religiões irmãs, rivais do catolicismo. Salienta-se como, na perspetiva dos jesuítas, se desenvolve um pacto entre muçulmanos e cristãos etíopes na base de um temperamento comum, dócil e dúctil, versátil e desprovido de espinha dorsal, que rejeita a disciplina e a coragem de portugueses e católicos. Ao mesmo tempo, os jesuítas acusam as tradições muçulmanas e cristãs etíopes de serem excessivamente rigorosas no que diz respeito ao jejum e às práticas ascéticas. Em suma, a aliança política entre Fasilädäs e os reinos muçulmanos em torno da Etiópia foi concebida pelos jesuítas como resultado de semelhanças na esfera temperamental. Este artigo sugere, portanto, que os jesuítas percebiam ambas as religiões rivais, em termos de um temperamento comum que os ligava como parceiros, para além da doutrinas práticas religiosas.

Palavras-chave: Jesuítas, Islão, Etiópia, Cristianismo etíope

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