Confronto e compromisso nas nomeações episcopais oitocentistas: O caso de D. António Aires de Gouveia

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Adélio Abreu
http://orcid.org/0000-0001-6626-0559

Resumo

Com o triunfo do liberalismo em Portugal em 1834, o controlo político das nomeações episcopais foi inequívoco. A nomeação governamental e a sucessiva confirmação romana conferiam enorme complexidade ao provimento das dioceses, num tempo em que os equilíbrios entre política e religião ganhavam novos contornos, nomeadamente quando a política liberal desejava candidatos sensíveis aos seus ideais e interesses, e o entendimento da Santa Sé privilegiava a obediência romana mesclada de simpatias legitimistas. Os conflitos em torno dos perfis dos candidatos adensavam-se, resistindo a Santa Sé à confirmação dos nomes apresentados e recusando-se o poder político a alterá-los. Tais conflitos desaguaram frequentemente em impasses, que as negociações diplomáticas só a custo iam conseguindo resolver, entre cedências e compromissos. Uma destas longas vacâncias abriu-se na diocese do Algarve em 1871, com a transferência de D. Inácio Morais Cardoso para o patriarcado de Lisboa. A diocese ficou sem bispo cerca de 13 anos, até à chegada de D. António Mendes Belo em 1884. De permeio, desenvolveu-se uma longa pendência em torno de António Aires de Gouveia, apresentado para aquele bispado depois de um passado maçónico e regalista e de uma meteórica ascensão ao presbiterado. É este o caso que este artigo estuda no detalhe das suas etapas, enquanto, no seu longo impasse e na complexidade da sua resolução, ilustra o confronto e compromisso nas nomeações episcopais oitocentistas.

Palavras-chave: Nomeações episcopais, Diocese do Algarve, António Aires de Gouveia, Liberalismo, Regalismo

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