“Uma experiência interessante”: o Estado Novo português e o cristianismo holandês nas décadas de 1930 e 1940

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Tom-Eric Krijger
https://orcid.org/0000-0002-9532-8337

Resumo

Em 1933, um ano após a sua tomada de posse como Presidente do Conselho de Portugal, António de Oliveira Salazar conseguiu ver aprovada uma nova Constituição, reorganizando a política, a sociedade civil e a economia portuguesas numa base corporativista. Este artigo aborda o interesse notável que o Estado Novo salazarista despertou nos círculos dos partidos políticos cristãos nos Países Baixos (Holanda) por volta de 1940. Procura-se argumentar que tal interesse teve a ver com a então segmentação institucional da sociedade holandesa, na base de diferenças políticas e religiosas, conhecida na historiografia como ‘verzuiling’ ou ‘pilarização’. Alguns intelectuais católicos defendiam que a comunidade católica holandesa não devia contentar-se com o seu próprio ‘zuil’ ou ‘pilar’, mas, pelo contrário, devia aspirar a uma reconfiguração da sociedade em conformidade com a Doutrina Social da Igreja Católica, a exemplo do Estado Novo português. Por outro lado, alguns ‘fazedores de opinião’ protestantes holandeses consideravam o Estado Novo como paradigma de um estado estruturado ‘organicamente’, exibindo uma alternativa para a segregação ‘pilarizada’ na nação holandesa, algo que eles contestavam profundamente. Além disso, os admiradores holandeses de Salazar, tanto católicos como protestantes, acreditavam que o Estado Novo se baseava em princípios que ofereciam tanto uma solução para a crise política e económica que afetava a Holanda na década de 1930, como um fundamento para a reconstrução do seu país depois da invasão alemã-nazi em 1940.

Palavras-chave: Holanda, Cristianismo, Estado Novo, Salazar, Corporativismo

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