“Deus criou, de acordo com suas espécies, os monstros marinhos e todas as criaturas vivas que se movem nas águas”: a centralidade do monstruoso no imaginário marítimo medieval

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Paulo Catarino Lopes
http://orcid.org/0000-0002-8543-1111

Resumo

A reflexão que aqui propomos desenvolver é orientada por uma problemática fundamental: a centralidade da figura do monstro no imaginário marítimo medieval e o importante papel desempenhado pelo monstruoso na estruturação do mesmo. Na mundividência do homem medievo, fantasia e realidade, verdadeiro e inverosímil, não conhecem fronteiras. Tudo se interliga num processo mental, que tem por consequência o público receptor, todo ele, “beber” avidamente as informações respeitantes ao estranho e exótico proveniente dos espaços situados para lá das fronteiras conhecidas, isto é, para lá da Ordem e segurança garantidas pela autoridade cristã. Porque imenso, instável e sobretudo desconhecido, o oceano é por excelência um destes espaços. E também por essa razão é percepcionado como largamente habitado por seres monstruosos. Ainda que, nos derradeiros séculos medievais, metamorfoseado pela experiência cada vez mais frequente do mar alto e, especialmente, por todo um conjunto de soluções de carácter religioso que, sacralizando o oceano, permitem enfrentá-lo bem como ao risco de contacto com os seres excessivos e portentosos que nele habitam, o estado mental de receio e medo provocado pelo monstruoso marinho mantém-se até, pelo menos, aos decénios finais da modernidade.

Palavras-chave: Monstro, Idade Média, Imaginário religioso, Medo, Oceano

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