A predestinada peregrina: dos enganos do bosque aos desenganos do rio
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Resumo
No quadro da literatura ficcional barroca, a narrativa alegórica produzida no âmbito religioso ganhou formas bem definidas, desenhando uma estrutura que conjugava o enredo agradável aos sentidos com uma utilidade moral. Depois do Predestinado Peregrino, de Alexandre de Gusmão, e do Peregrino da América, de Nuno Marques Pereira, a produção conventual, por mão de Soror Maria do Céu e Soror Madalena da Glória, recorreu intensamente à narrativa ficcional alegórica. Escolhendo personagens femininas como protagonistas, as novelas de Maria do Céu constroem universos onde as prefigurações da "alma humana" se debatem na fragilidade do seu percurso na terra antes de alcançarem o Céu. Neste quadro se coloca a novela Enganos do Bosque, Desenganos do Rio, com as suas duas partes editadas conjuntamente em 1741.