Visão e viagem do Oriente na Lusitânia Transformada
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Resumo
A viagem ao Oriente motivou vasta e rica produção literária e informativa durante o século XVI. Contudo, se por um lado se escreveram longas páginas descritivas de novos lugares, gentes e costumes, por outro lado os textos literários frequentemente acentuaram uma visão disfórica, apontando a ambição e a cobiça como motivações e a corrupção como consequência da empresa marítima portuguesa. Esta visão prolongou-se no século XVII e XVIII, com a publicação tardia da Peregrinação e da História Trágico-Marítima, reunida por Bernardes Gomes de Brito, mas não ganhou lugar como tema na ficção romanesca produzida nos períodos do Maneirismo e do Barroco. A grande exceção é a Lusitânia Transformada (1607), de Fernão Álvares do Oriente. Neste trabalho pretendemos mostrar qual a visão do Oriente e os contornos da viagem nesta novela pastoril, procurando perceber os motivos da ausência deste tema na ficção produzida até à segunda metade do século XVIII.