Os plurilinguismos de Timor-Leste

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Lúcia Vidal Soares

Resumo

Ao abordarmos a problemática das Línguas e Cultura na Textura da Nação Timorense, pareceu-nos pertinente estabelecer um percurso do contacto linguístico entre timorenses e outros povos, relacionando esse contacto com a construção das suas identidades plurilingues. Fundamentámos esta nossa opção no facto de as línguas não expressarem apenas essas identidades, mas também de as construírem, sendo, enquanto símbolos identitários, portadoras de conteúdo cultural (Dorian,1999). Situando-nos no contexto de Timor-Leste, onde o multilinguismo contribuiu para as lutas entre reinos, tendo sido aproveitado pelos portugueses, durante o período colonial, para dividir o povo timorense, o que conduziu ao fracasso das lutas pela independência. Já numa época mais recente, o povo timorense suplantou as suas divergências, face à necessidade de “unificar o combate” contra o invasor indonésio (Mattoso, 2012), adquirindo, assim, o tétum uma função de coesão social, de unidade nacional e identitária, entre outras. E que funções desempenham as restantes línguas endógenas e exógenas? E de que modo contribuem as línguas para a construção dessas identidades múltiplas? São estes, sumariamente, os propósitos que conduzirão a nossa reflexão neste texto.

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