Da descolonização inacabada ao limiar da independência

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Fernando Augusto Figueiredo

Resumo

O “25 de Abril de 1974” encontrou o território de Timor-Leste numa situação de subdesenvolvimento, apesar das melhorias que, desde a segunda metade da década de 1960, muito por força da pressão internacional, ali haviam sido introduzidas. No entanto, a herança portuguesa revelar-se-ia a vários níveis, serviria de diferenciação dos Timorenses de Leste perante o ocupante e, em larga medida, tem sido incorporada na identidade do novo Estado. A criação de partidos políticos, com a descolonização, por falta de experiência e de verdadeiras elites, conduziu a uma cerrada luta política, que Portugal não conseguiu tutelar e que a Indonésia aproveitou para concretizar um desígnio que, desde a sua formação, animava sobretudo o sector militar. Por sua vez, a Austrália, no imediato, tentou não se comprometer directamente; mas, posteriormente, apoiou a anexação. A retirada de Portugal, sem que o processo de descolonização do território houvesse terminado, e a conjuntura internacional, possibilitaram uma anexação e uma ocupação violentas, contrariadas por uma resistência que surpreendeu o mundo. Portugal conseguiu depois, interna e externamente, manter viva a “Questão de Timor-Leste”, participando simultaneamente em conversações com a Indonésia, sob patrocínio da ONU, que culminaram com o acordo e o referendo de 1999. Entretanto, a diáspora timorense encontrou vários tipos de ajuda em Portugal, para os que ficaram e para os que procuravam outros destinos, sobretudo a Austrália. A construção do novo país tem contado com uma significativa ajuda oficial, multilateral e bilateral, da antiga Metrópole, mas também de organismos autónomos e da iniciativa privada.

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