Fátima: um acontecimento narrativo. Experiência e linguagem

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António Manuel Alves Martins
https://orcid.org/0000-0003-1544-1258

Resumo

A aventura crente vive da releitura dos textos fundadores que codificaram numa linguagem uma experiência originária que se torna arquetípica do viver crente. Experiência, narrativa, linguagem são termos estruturantes da nossa reflexão e que, mutuamente, se implicam. A experiência fundadora de Fátima, protagonizada pelos três videntes em 1917, foi codificada no texto Memórias da Irmã Lúcia, passados 20 anos. Este texto é um (re)dizer essa mesma experiência em novos contextos existenciais e culturais. Fátima configura-se, pois, como uma experiência hermenêutica, como uma narrativa que se oferece a novas interpretações, numa fundador e novas apropriações existenciais? O nosso trabalho estrutura-se em quatro pontos. No primeiro, precisamos o âmbito do corpus bibliográfico que constitui o objeto do nosso estudo: um total de 16 publicações, publicadas entre 2015 e 2017, que inclui 9 livros e seis números da revista publicada pelo Santuário, Fátima XXI, valorizando, sobretudo, os artigos dos cadernos temáticos. Na pluralidade das publicações emerge um regresso à narrativa fundadora da experiência dos Pastorinhos, e consequente valorização da dimensão antropológica dos mesmos (segundo ponto). Essa narrativa fundadora está aberta a novas interpretações e narrativas existenciais (terceiro ponto). Quer em sua experiência fundadora, quer em sua tradução existencial pelos peregrinos, a narrativa de Fátima tem uma inscrição corpórea: é uma passio corporis/paixão do corpo (quarto ponto).

Palavras-chave: Fátima, Narrativa, Experiência, Corpo, Antropologia teológica

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