Pandemia e civilização: reflexões sobre a religiosidade latente dos contágios

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Maurício G. Righi
http://orcid.org/0000-0002-3070-3490

Resumo

De um ponto de vista antropológico, quando associado a processos formativos, uma crise abrangente e mesmo crítica no campo da saúde pública pode vivificar, não obstante, questões religiosas de base, ainda que, posteriormente, restrinja-se (ou não) ao âmbito figurativo. O aspecto notável, contudo, é a constatação de uma crise sanitária muito aguda, uma virose pandêmica proveniente do SARS-CoV-2, na qual questões primeiras de saúde pública, estritamente médicas de início, foram irreparavelmente mergulhadas numa esfera social e cultural muito maior e mais complexa, conforme antecipável pela teoria mimética.  De repente, como num passe de mágica, um surto virótico transformou-se em crise internacional de ordem econômica, política e ideológico-cultural, com inegáveis desdobramentos éticos. Diante desse quadro crescentemente instável, mas, por outro lado, altamente esperançoso, no que se refere à possibilidade de adoção de novos modelos de vida social, potencialmente apartados de certa violência constitutiva, defendemos neste artigo que a teoria mimética pode ser muito proveitosa em nossos tempos, tanto como ferramenta analítica na compreensão dos processos sociais, mas também como meio eficaz para pensar a adoção de novos modelos culturais e econômicos.

Palavras-chave: Pandemia, Teoria mimética, Contágio, Bode expiatório, Violência

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