O «Livro da Natureza» de Santo António ao Pe. António Vieira

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Martinho Soares
https://orcid.org/0000-0001-8153-2014

Resumo

Este trabalho divide-se em três partes. Na primeira, apresenta-se um estudo histórico-filosófico sobre o conceito medieval de “livro da natureza”, relacionando este tópico com a hermenêutica analógica, de cariz religioso, desenvolvida por autores fundamentais como Santo Agostinho, Santo Isidoro de Sevilha e Hugo de São Vítor. Para chegarmos à raiz desta visão alegórico-simbólica do mundo natural identifica-se fontes mais antigas da cultura greco-romana e da Patrística.  Na segunda parte, estuda-se a presença e o alcance das analogias naturalísticas na obra sermonária de Santo António. Ele que pode muito bem ser considerado um dos mais exímios cultores medievais deste método interpretativo, trazendo para o texto aquilo que para os seus irmãos franciscanos era uma vivência diária. Poucos como o Doutor Evangélico souberam cruzar de forma tão profícua e habilidosa o simbolismo da natureza com a reflexão teológica. Na terceira parte, testamos a prevalência do mesmo conceito na parenética do Padre António Vieira. Homem do Barroco e já profundamente marcado pela revolução científica em curso no seu tempo, que levará à emancipação do estudo da natureza e a rutura com o discurso teológico, o pregador jesuíta mantém ainda assim um pé bem assente na tradição medieval e no pensamento analógico naturalístico, numa derradeira tentativa de conciliar ciência e crença.

Palavras-chave: Livro da natureza, Santo António, Padre António Vieira, Hermenêutica, Analogia

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