Pedagogia social, uma antropologia de proximidade, hospitalidade e serviço

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Paulo Sérgio da Silva Brandão

Resumo

Em contraste com uma sociedade marcada pelo eficientismo, pelo desejo de fama e sucesso e pela conquista do poder, assistimos a um crescimento de fenómenos de solidão e de exclusão, consequência de uma lógica individualista e consumista. Estamos, portanto, perante o desafio de assumir princípios e valores que apontem, orientem e guiem a tarefa pedagógica no sentido de valorizar a vivência de comunidade e consolidar os laços sociais. Tratando-se de uma tarefa socio-educativa, entendemos a Pedagogia Social como uma dinâmica relacional que visa essencialmente possibilitar o desenvolvimento integral, isto é, de todas as pessoas e da pessoa toda. Neste sentido, é necessário olhar e acreditar na perfectibilidade e educabilidade de cada pessoa. Considerando que o pedagogo é essencialmente um educador, sustentamos que ele deve olhar, escutar e servir cada pessoa, acreditando que cada indivíduo é sujeito activo e responsável do seu desenvolvimento, capaz de afirmar o seu próprio destino na condição de portador e construtor de sentidos de vida. Se educar exige ir ao encontro do outro, no pressuposto de criar laços comunitários, defendemos que esta dinâmica deve ser compreendida e iluminada a partir dos valores como proximidade, da hospitalidade e do serviço, aqui trabalhados a partir de uma inspiração bíblica e assumidos como um compromisso ético, considerando que eles são essenciais na praxis pedagógica, já que esta não pode ser caracterizada como uma prática relacional impessoal e distante, mas como um encontro entre pessoas. Daqui a necessidade de pensar a Pedagogia Social, um saber interdisciplinar que acolhe vários saberes e práticas pedagógicas socio-educativas, a partir de uma antropologia da relação. É deste encontro entre pessoas, reconhecidas como seres únicos e insubstituíveis, que nasce a consciência ética. Educar é, portanto, uma tarefa que exige um compromisso ético capaz de responder ao chamamento que cada ser humano, na sua novidade e riqueza, dirige, diante do qual não podemos ficar indiferentes.

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