Educar em enfermagem: um processo de reflexividade na interação

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Isabel Rabiais
https://orcid.org/0000-0002-8342-1171
José Amendoeira
https://orcid.org/0000-0002-4464-8517

Resumo

Introdução: Os objetivos para o novo desafio da educação em enfermagem, direcionada para a reelaboração e produção de novos conhecimentos e ainda para o desenvolvimento de competências e disposição para apreensão de habilidades necessárias para o trabalho, envolvem profundas modificações nas relações entre professores e estudantes, por forma a serem atingidas e desenvolvidas determinadas competências. Essas competências deverão expressar ações como a reflexão crítica, a curiosidade científica, a criatividade e a investigação, tendo por base a realidade dos estudantes, sendo os professores responsáveis por articular diferentes metodologias de ensino, conducentes a prepará-los para se tornarem hábeis num determinado domínio do conhecimento, ou seja, a poderem ser considerados competentes. Materiais e Métodos: Estudo de natureza qualitativa, tipo estudo de caso, envolvendo estudantes de enfermagem desde o início do primeiro ensino clínico até ao final do curso, orientadores e professores. Recurso a análise documental, a análise de conteúdo temática das narrativas de discurso dos estudantes e entrevistas com estudantes, orientadores e professores tutores. A análise orientou-se no sentido das dimensões emergentes dos domínios do perfil de competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais definido pela Ordem dos Enfermeiros Portugueses. No entanto, considerando que a triangulação de métodos pode tornar a investigação mais consistente, enriquecendo a compreensão do objeto em estudo, optou-se também por uma análise quantitativa dos dados. Com o objetivo de verificar a existência de associação entre todas as variáveis em análise (descritores), efetuámos uma análise de correlação, utilizando o coeficiente de correlação de Spearman. Resultados: A forma como os estudantes concebem o processo de cuidados tem subjacente a capacidade de equacionar o contexto situacional e a pessoa que é, através de um processo de reflexividade na interação. conseguir refletir sobre o processo de cuidados, traduz a capacidade de ser ator da sua própria aprendizagem, refletindo sobre o que vai questionando e adquirindo por si e/ou pela partilha com os outros, através de interrogações existenciais e considerações sobre o que significa ser enfermeiro e cuidar, o que se evidencia na aptidão para o estudante se apropriar do vivido, colocar questões e adquirir e desenvolver competências para cuidar. Conclusões: Considerando a centralidade dos estudantes na construção do processo ensino-aprendizagem, assumindo a participação neste processo com responsabilidade, incentivando a utilização do pensamento crítico, pensamos que a educação em enfermagem deve procurar relacionar o conhecimento teórico, com as experiências vivenciadas e traduzidas pelo exercício da reflexão, compreensão e descoberta, o que promove o desenvolvimento do pensamento crítico, do conhecimento e da capacidade de traduzir o aprendido na universidade, em contexto de prática clínica, conseguindo articular a experiência clínica com a experiência pessoal, permitindo aprender a aprender e a refletir sobre as tomadas de decisão. É através da aprendizagem significativa e desta relação entre o saber proveniente do conhecimento teórico e o saber proveniente do conhecimento prático que os estudantes vão construindo a sua própria identidade e a sua competência profissional. 

Palavras-chave: Estudantes de enfermagem, Pensamento crítico, Aprendizagem, Competências, Ensino clínico

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