Porquê o termo Língua Gestual Portuguesa?

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Helena Carmo
https://orcid.org/0000-0003-4885-0760
Maria José Freire
https://orcid.org/0000-0002-5619-3070
Paulo Vaz de Carvalho
http://orcid.org/0000-0001-5345-3896

Abstract

Língua Gestual Portuguesa é o termo utilizado pela Comunidade Surda para se referir à sua língua preferencial de comunicação (Amaral 1994). Este termo também tem sido utilizado por toda a comunidade académica e científica que investiga esta língua desde o final da década de 70 do século XX (Prata 1980). Recentemente, o uso deste termo foi colocado em questão num artigo de Correia (2020), em que a autora defende que este não será o termo adequado para nomear a língua em questão, propondo “Língua de Sinais Portuguesa” como o termo correto, evocando para o efeito razões históricas e linguísticas. Consideramos, ao contrário da autora supracitada, que o termo adequado para denominar a língua utilizada pela Comunidade Surda[1] Portuguesa é efetivamente “Língua Gestual Portuguesa”. Desta forma, o presente artigo tem como objetivo justificar a correção do uso do termo “Língua Gestual Portuguesa” tendo por base as perspetivas histórica, linguística, sociocultural e legislativa, esperando assim contribuir para uma discussão científica, alicerçada em bases sustentadas, através da crítica hermenêutica de fontes primárias, mas também tendo em conta o sentimento que o termo encerra para a comunidade que a usa, nos seus níveis cultural, linguístico, identitário e legal.

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