Instrumentos antemodernos de mediação dos riscos: oposição e contributos da igreja para o desenvolvimento das protoformas dos seguros

Main Article Content

Manuel Menezes

Resumo

Neste ensaio buscar-se-á desenvolver uma análise onde sejam explicitadas algumas das estratégias de que os seres humanos se foram socorrendo, desde tempos imemoriais, visando a proteger o seu património face às contingências, inseguranças advindas do espaço desconhecido. De entre as mesmas, iremos salientar alguns dos instrumentos mediadores dos «riscos» conexos com as atividades marítimas. Paralelamente tomar-se-á em consideração a forma como o discurso religioso conceptualizou esses instrumentos, com o intuito de mostrar as incompatibilidades que, durante séculos, existiram entre esse discurso e as práticas mercantis. Tomando por base as conexões estabelecidas com a dimensão dos riscos mediadores dessas mesmas práticas, o fundamento da usura será, então, trabalhado, com o intuito de mostrar que, apesar de, num primeiro momento, poder ser considerado como um elemento condicionador da implementação e desenvolvimento de algumas das vias engendradas pelo ser humano visando a gestão do contingente, acabaria, em última análise, por se consubstanciar como um impulsionador da ação dos indivíduos na procura de novos meios de partilha de riscos que escapassem às sanções advindas dessa mesma usura.

Palavras-chave: Incerteza, Riscos, Direito Canónico, Usura, Seguros marítimos

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Böhm-Bawerk, Eugen von (1884). Capital and Interest: A Critical History of Economical Theory. London, Macmillan & Co. (1890).

Borges, José Ferreira (1833). Diccionario Jurídico-Commercial. Porto, Typographia de Sebastião José Pereira (1856), 423 pp.

Boucher, Pierre B. (1803). Institution au Droit Maritime: Ouvrage Complet sur la Législation Maritime. Paris, Levrault Schoell, 809 pp.

Ceccarelli, Giovanni (2001). Risk Business: Theological and Canonical Thought on Insurance from the Thirteenth to the Seventeenth Century. In Journal of Medieval and Early Modern Studies, Vol. 31, n.º 3. Durham, Duke University Press, pág. 607-658. https://doi.org/10.1215/10829636-31-3-607

Cleirac, Estienne (1671). Les Us et Coutumes de la Mer, Vol II. Rouen, E. Viret, pág. 179-314.

Colfavru, Jean-Claude (1863). Le Droit Commercial Comparé de la France et de l'Angleterre Suivant l'ordre du Code de Commerce Français. Paris, Cosse, Marchal, 637 pp.

Coste, Adolphe (1882). Hygiène Sociale Contre le Paupérisme: le Paupérisme, L'épargne, L'association, le Crédit, L'organisation du Travail, L'impôt, L'enseignement. Paris, Germer Baillière, 532 pp.

Coulter, Gary (1999). The Church and Usury: Error, Change or Development? In URL: http://www.geocities.com/frcoulter/usury/

Daston, Lorraine (1988). Classical Probability in the Enlightenment. New Jersey, Princeton University Press (1995), 423 pp.

Denzinger, Enrique (1963). El Magisterio de la Iglesia. Manual de Los Símbolos, Definiciones y Declaraciones de la Iglesia en Materia de Fe y Costumbres. Barcelona, Editorial Herder.

Garriguet, Louis (1907). Prêt, Intérêt et Usure. Paris, Bloud, 80 pp.

Gigerenzer, Gerd; Zeno Swijtink; Theodore Porter; Lorraine Daston; John Beatty; Lorenz Krüger (1989). The Empire of Chance: How Probability Changed Science and Everyday Life. Cambridge, Cambridge University Press (1997), 340 pp.

Goff, Jacques le (1986). La Bolsa y la Vida: Economía y Religión en la Edad Media (or. La Bourse et la Vie). Barcelona, Editorial Gedisa (1996), 152 pp.

Griffiths, Gordon; Gow, Andrew (1994). Pope Eugenius IV and Jewish Money-lending in Florence: the Case of Salomone di Bonaventura during the Chancellorship of Leonardo Bruni. In Renaissance Quarterly, n.º 47. New York, pág. 282-329. https://doi.org/10.2307/2862915

Juana, Rodrigo Muñoz de (2001). Scholastic Morality and the Birth of Economics: The Thought of Martín de Azpilcueta. In Journal of Markets & Morality 4, n.º 1. Otawa, Acton Institute/Center for Economic Personalism, pág. 14-42.

Kohn, Meir Gregory (1999). Risk Instruments in the Medieval and Early Modern Economy. In URL: http://www.dartmouth.edu/~mkohn/

Lara, Yadira González de (2001). Institutions for Contract Enforcement and Risk-sharing: From Debt to Equity in Late Medieval Venice. In URL: http://www.eco.unibs.it/~segdse/paperseminari/th_paper.pdf

Levi, Leone (1863). International Commercial Law. Vol. II. London, V. & R. Stevens, pág. 507-1154.

Melun, Armand de (1849). De L'intervention de la Société pour Prévenir et Soulager la Misère. Paris, Plon Frères, 68 pp.

Molloy, Charles (1769). De Jure Maritimo et Navali or a Treatise of Affaire Maritime and of Comerse. Vol. II. Londres, T. Waller, 344 pp.

Moser, Thomas (1997). The Old Testament Anti-Usury Laws Reconsidered: The Myth of Tribal Brotherhood. https://doi.org/10.2139/ssrn.41844

Munro, John (2003). The Late-Medieval Origins of the Modern Financial Revolution: Overcoming Impediments from Church and State. University of Toronto, Department of Economics and institute for Policy Analysis. http://www.chass.utoronto.ca/ecipa/archive/UT-ECIPA-MUNRO-01-02.pdf

Noonan, John T. (1995). Positive Law in Natural Law. In MACLEAN, George F. et all (1995). Normative Ethics and Objective Reason: Ethics at the Crossroads. Vol. 1. Washington, Council for Research in Values & Philosophy. In URL: http://www.crvp.org/book/Series01/I-11/contents.htm

Pothier, Robert Joseph (1821). Traités des Contrats de Dépôt, de Mandat, de Nantissement, d'Assurance, de Prêt et du Jeu. In Oeuvres de Pothier. Vol. 6. Paris, Chanson, 467 pp.

Teresa, Marcos de Santa (1805). Compendio Moral Salmaticense. Vol. I. Pampelona, Imprenta de José de Rada, 662 pp.

Vermeersch, Arthur (1910). Usury. In The Catholic Encyclopedia. Vol. 15. New York, Robert Appleton Company, pág. 235-238.

White, Andrew Dickson (1898). A History of the Warfare of Science with Theology in Christendom. Vol. 2. New York, D. Appleton and Company, 394 pp.