Cultura de qualidade e eficácia durável: o primado da gestão de pessoas

Main Article Content

Albino Lopes

Resumo

O texto procura explanar a filosofia, a pedagogia e a prática de implementação de um projeto de mudança e desenvolvimento organizacional através de um estudo de caso de uma unidade industrial, integrada nessa época (1988/90) na estrutura da sub-holding Portucel Embalagem (a qual integra o universo EUROPAC, desde 2000). Revisita-se uma situação real, ocorrida numa época em que se davam os primeiros passos em ordem a uma mudança no paradigma de gestão pela qualidade total num país confrontado com a recente integração num espaço concorrencial extremamente agressivo (a CEE). Procurava-se testar na prática de terreno os princípios de uma gestão alternativa à designada gestão tradicional, eivada de princípios inspirados na teoria taylorista/ fayolista (Lopes, 2012), promotora de uma ideia de mudança programada e conduzida segundo os parâmetros da integração hierárquica. Justifica-se este exercício de revisitação pela falta de casos empíricos no nosso ensino de ciências de gestão em geral, e de gestão estratégica de recursos humanos em particular, por um lado e, por outro, porque o quadro mental dos empresários e gestores portugueses continua preso às construções teóricas e práticas, inspiradas no primado da liderança autocrática e na estrutura burocrático-mecânica tradicionais. O trabalho conjuga três leituras sobrepostas: o que se passou no terreno, os instrumentos teóricos e as ferramentas de investigação/ação disponíveis, bem como as reflexões que se podem fazer hoje, acerca das mesmas matérias, a partir de uma atualização bibliográfica. Fica claro que a mudança profunda é possível, que esta pode fazer-se apesar de se trabalhar com pessoas dotadas de fracas habilitações literárias e que tem um custo-benefício extraordinariamente favorável.

Palavras-chave: Mudança organizacional, Liderança, Gestão pela Qualidade Total (TQM), Dispositivo de intervenção, Cultura organizacional

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Amabile, T. (1983). The social psychology of creativity: a componential conceptualization. Journal of Personality and Social Psychology, 45 (2), 357-376. https://doi.org/10.1037/0022-3514.45.2.357

Amabile, T., & Kramer, S. (2011). The Progress Principle: Using Small Wins to Ignite Joy, Engagement, and Creativity at Work. Cambridge, MA: Harvard Business Review Press.

Amabile, T., & Kramer, S. (2012). Comment vider le travail de son sens. Expansion Management Review, n° 145.

Ancona, D., Malone, Th. W., Orlikowski, W. J., & Senge, P. M. (2007). In Praise of the Incomplete Leader. Harvard Business Review, February, p. 1- 7.

APQC - American Productivity Quality Center (1997). Organizational Change: Managing the Human Side. www.apcq.org/free/whitepapers/orgchange/.

Autissier, D., & Vandengeon-Derumez, I. (2007). Les managers de première ligne et le changement. Revue Française de Gestion, Mai, nº. 174. https://doi.org/10.3166/rfg.174.115-130

Barbier, R. (1996). La recherche-action. Paris: Anthropos.

Barney, J. B., & Wright, P. M. (1998). On becoming a strategic partner: The role of human resources in gaining competitive advantage. Human Resources Management, Spring, Vol. 37, n. 1, 31 – 46. https://doi.org/10.1002/(sici)1099-050x(199821)37:1<31::aid-hrm4>3.0.co;2-w

Beer, M., & Spector, B. (1993). Organizational Diagnosis: Its Role in Organizational Learning. Journal of Counseling and Development, 71: 642-650. https://doi.org/10.1002/j.1556-6676.1993.tb02255.x

Beer, M., Eisenstat, R. A., & Spector, B. (1990). Why Change Programs Don’t Produce Change. Harvard Business Review. Nov-Dec, n.º 68 (6): 158-66.

Bennis, W., & Nanus, B. (1985). Leaders, the Strategies for Taking Charge. New York: Harper and Row Publishers.

Bériot, D. (2006). Manager par l’Approche Systémique. Paris: Éditions d’Organisation.

Bertalanffy, K., L. (1993). Théorie Générale des Systèmes. Paris: Dunod.

Bollinger, D., & Hofstede, G. (1987) Les différences culturelles dans le management: comment chaque pays gère-t-il ses hommes? Paris: Éditions d'Organisation.

Collard, D., & Suquet, J. B. (2013). Indicateurs de gestion et difficultés de renouvellement du genre professionnel: vertus et limites d’une action sur les indicateurs pour transformer les pratiques professionnelles. Activités, 10 (2): 131-156. https://doi.org/10.4000/activites.772

Cravens D. W., & Piercy, N. F. (1995). The network paradigm and the marketing organization: Developing a new management agenda. European Journal of Marketing, Vol. 29 Iss: 3, pp.7 – 34. https://doi.org/10.1108/03090569510079916 https://doi.org/10.1108/03090569510079916

Dias, D., Lopes, A., & Parreira, P. (2011). Fusões e Aquisições: o papel central da liderança intermédia na gestão do choque de culturas. Lisboa: Editora RH.

Eden, D. (1990). Pygmalion in Management: Productivity as a Self- Fulfilling Prophecy. M A: Lexinghton Books.

Eden, D. (1992). Leadership and expectations: Pygmalion effects and other self-fulfilling prophecies in organizations. Leadership Quarterly, 3, 271–305. https://doi.org/10.1016/1048-9843(92)90018-b

Fukuyama, F. (2000), A Grande Ruptura. A Natureza Humana e a Reconstituição da Ordem Social. Lisboa: Quetzal.

Galpin, T. (1996). The Human Side of Change: A Practical Guide to Organization Redesign. San Francisco: Jossey-Bass.

Ghosn, C. (2003). Cidadão do Mundo. São Paulo: Editora A Girafa.

Grosjean, S., & Bonneville, L. (2011). La communication organisationnelle: approches, processus et enjeux. Montréal: Chenelière Education.

Hollander, E. (1958). Conformity, status, and idiosyncrasy credit. Psychological Review 65 (2): 117–127. https://doi.org/10.1037/h0042501

Katzenbach, J. R., & Smith, D. K. (1993). The discipline of teams. Harvard Business Review, n.º 71 (March-April): 111-146.

Kets de Vries, M., & Miller, D. (1984). The neurotic organization: diagnosing and changing counterproductive styles of management. San Francisco: Jossey Bass.

Kets de Vries, M., & Miller, D. (1990). Narcisismo e liderança: uma perspectiva de relações de objetos. Revista de Administração de Empresas, vol.30 no.3, São Paulo, July/Sept: 5-16. https://doi.org/10.1590/s0034-75901990000300002

King, A. W., Fowler, S. W., & Zeithaml, C. P., (2002). Competências organizacionais e vantagem competitiva: o desafio da gerência intermediária. RAE - Revista de Administração de Empresas, Jan./Mar, v. 42, n. 1. https://doi.org/10.1590/s0034-75902002000100005

Kotter, J. (1995). Leading change: Why transformation efforts fail. Harvard Business Review. Mars Avril, p.59-67.

Kotter, J. (1996). Liderando Mudança. Editora Campos.

Lascoumes, P. (2004). « La Gouvernementalité: de la critique de l’État aux technologies du pouvoir. Le Portique, 13-14.

Lewin, K. (1959). Psychologie Dynamique. Paris: PUF.

Lopes, A. (2010). A Cultura Organizacional em Portugal: de Dimensão Oculta a Principal Activo Intangível. Gestão e Desenvolvimento, nºs 17 e 18, p. 3 - 26.

Lopes, A. (2012). Fundamentos da gestão de pessoas: para uma síntese epistemológica da iniciativa, da competição e da cooperação. Lisboa: Edições Sílabo.

Lopes, A., Dias, D. & Parreira, P. (2009). Análise de um Processo de Fusão de duas Instituições Públicas da Administração Pública Portuguesa: O Papel Central dos Líderes Intermédios. Economia e Empresa, Série II, nº 9.

Lopes, A., Reto, L., & Nelson, A. (1989). Recursos Humanos e Gestão da Qualidade: uma análise de caso. Revista de Gestão, Jul.: 25-32.

Mabi, C. (2011). "Les conceptions de la participation citoyenne inscrites au sein d’un dispositif de concertation. Étude du débat public CNDP ‘projet de parc éolien en mer des deux côtes". Communication à la seconde journée doctorale sur la participation du public et la démocratie participative, Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris, 18 octobre 2011.

Martin, J. (1992). Cultures in Organizations: Three Perspectives. Oxford University Press.

Mintzberg, H. (1982). Structure et Dynamique des Organisations. Paris: Éditions d'Organisation.

Mintzberg, H. (1986). Le Pouvoir dans les Organisations. Paris: Éditions d'Organisation.

Mintzberg, H., & Westley, F. (2001). Decision making: it’s not what you think. MIT Sloan Management Review, v. 42, n, 3, spring.

Mintzberg, H., Ahlstrand, B., & Lampel, J. (1999). Safari en pays stratégie. L’exploitation des grands courants de la pensée stratégique. Paris: Éditions Village Mondial.

Moisdon, J. C. (2008). Regles de Gestion, Outils, Organisation. Le Libellio d’AEGIS, 4(1): 18-27.

Morgan, G. (1986). Images of organization. Califórnia: Sage.

Moscovici, S., & Lage, E. (1976). Studies in social influence III: majority versus minotiry influence in a group. European Journal of Social Psychology, 6(2): 149-174. https://doi.org/10.1002/ejsp.2420060202

Moscovici, S., & Zavalloni, M. (1969). The group as a polarizer of attitudes. Journal of Personality and Social Psychology, 12, 125-135. https://doi.org/10.1037/h0027568

Neumeier, M. (2003).The brand gap - how to bridge the distance between business strategy and design. New Riders Publishing: Indianapolis.

Oda, E. (2011). Interpretações da cultura japonesa e seus reflexos no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 26, n.º 75: 103–117. https://doi.org/10.1590/s0102-69092011000100006

Olins, W. (2003). A Marca. Lisboa: Editorial Verbo.

Pascale, R. T., & Athos, A. G. (1981). The art of Japanese management. New York: Simon & Schuster).

Pettigrew, A. M., Woodman, R. W., & Cameron, K. S. (2001). Studying organizational change and development : challenges for future research. Academy of Management Journal, 4 : 697-315. https://doi.org/10.2307/3069411

Philippon, Th. (2007). Le capitalisme d'héritiers. La crise française du travail. Paris: éd. du Seuil.

Pitcher, P. (1997). Artistes, artisans et technocrates dans nos organisations. Montréal: Presses HEC — Éditions Québec/Amérique.

Quinn, R. E. (1996). Deep Change: Discovering the Leader Within. San Francisco: The Jossey-Bass Business & Management Series. https://doi.org/10.1287/mnsc.29.1.33

Quinn, R. E., & Cameron, K. (1983). Organizational life cycles and shifting criteria of effectiveness: some preliminary evidence. Management Science, vol. 29, nº 1, January.

Robbins, S. (1996). Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall.

Sabino, A. N., & Lopes, A. (2012). O comprometimento organizacional como determinante da voz: um estudo de perfis. Gestão e Desenvolvimento, nº 20: 7-25.

Sabino, A., Lopes, A., & Nogueira, F. (2015). Do comprometimento organizacional à satisfação com o trabalho e às estratégias comportamentais: inferências sobre os dois subsistemas de ensino superior em Portugal. Revista Lusófona de Educação, nº 31, 33-55.

Sainsaulieu, R. (1977). L’ídentité au travail. Paris: Presses de Sciences Po (P.F.N.S.P.).

Schein, E. (1992). Organizational culture and leadership. San Francisco: Jossey-Bass.

Schumpeter, J. A. (1997). Teoria do Desenvolvimento Econômico, uma investigação sobre lucro, capital, crédito, juros e o Ciclo Económico. São Paulo: Editora Nova Cultural.

Seruya, J. M. (2009). éPT! - A Marca Interna da Portugal Telecom, Gestão da Identidade Organizacional. Cascais: Princípia.

Spector, B., & Beer, M. (1994). Beyond TQM Programmes. Journal of Organizational Change Management, Vol. 7 Iss: 2: 63 – 70. https://doi.org/10.1108/09534819410056087

Talvio, M., Lonka, K., Komulainen, E., Kuusela, M., & Lintunen, T. (2013). Una nueva mirada a la formación en eficacia docente de Gordon (TET): un estudio-intervención en el aprendizaje social e emocional del profesorado. Eletronic Journal of Research in Educational Psychology, 11(3): 693-716. https://doi.org/10.14204/ejrep.31.13073

Tap, P. (1988). La société Pygmalion? Intégration sociale et réalisation de la personne. Paris: Dunod.

Vala, J. (1997). Representações Sociais e Percepções Intergrupos. Análise Social, vol. XXXII (1º), 7-29.

Vala, J., Lima, M. L., & Monteiro, M. B. (1987). Conflitos intergrupais em contexto organizacional: problemas de investigação e de intervenção – estudo de caso. Análise Social, vol. XXII (5º), 801-814.

Walker, D., & Lambert, L. (1995). Learning and leading theory: A century in the making. In Lambert, L. et al., The constructivist leader (pp. 1-27). New York: Teachers College Press.

Weick, K. (1998). “Improvisation as a Mindset for Organizational Analysis”. Organization Science, vol. 9, p. 543-555. https://doi.org/10.1287/orsc.9.5.543

Weick, K. (2001). Make sense of the organization. Malden: Blackwell Publishing.

Weick, K., & Quinn, R. E. (1999). Organizational Change and Development. Annual Review of Psychology, n.50, p.361-386. https://doi.org/10.1146/annurev.psych.50.1.361