Gestão da indisciplina na dinâmica e organização escolar: estudo de alguns dos seus determinantes

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Fernando Videira dos Santos
Carlos Albuquerque
https://orcid.org/0000-0002-2297-0636

Resumo

Enquadramento: A indisciplina escolar, como problemática emergente, que nos últimos anos tem vindo a ganhar relevo na comunidade educativa, tem desencadeado um conjunto de reações e múltiplas preocupações nos mais variados quadrantes da Sociedade Portuguesa. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo geral explorar as relações existentes entre determinantes de contexto sociodemográfico, familiar e religioso e a indisciplina escolar percepcionada pelos alunos. Material e Método: Recorrendo a um estudo de natureza quantitativa, do tipo transversal com características descritivo-correlacionais, inquirimos 772 alunos adolescentes portugueses, na sua maioria do género feminino (52,1%), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos (M=13,33; Dp=1.042), residentes em meio rural (51,2%), pertencentes à classe socioeconómica III – Classe Média (48,4%) e que frequentam o terceiro ciclo do ensino básico público. O protocolo de pesquisa incluiu instrumentos de medida aferidos e validados para a população portuguesa e a Escala de Indisciplina Escolar Percepcionada por Alunos (EIEPA), cujas propriedades psicométricas certificam a sua qualidade (Alfa de Cronbach = 0,960; Alfa de Cronbach teste re-teste = 0,911). Resultados: As variáveis sociodemográficas (idade, sexo e local de residência) revelaram um efeito estatisticamente significativo sobre a Indisciplina Escolar Percepcionada pelos Alunos. Também se constatou a existência de associações estatisticamente significativas entre as variáveis de contexto religioso (grau de crença na religião e grau de praticante) e todos os factores da escala EIEPA. No que respeita ao estudo do efeito da existência de conversas com o encarregado de educação sobre a forma como o estudante de comporta na escola, o mesmo permitiu inferir que este efeito assume significância estatística sobre todos os factores da Indisciplina Escolar Percecionada por Alunos. Conclusão: As inferências resultantes desta investigação convidam-nos à reflexão sobre a importância da criação e monitorização de programas de ação no domínio da prevenção ou de contingência para uma efetiva redução dos comportamentos indisciplinados perpetrados por Alunos no seio da Escola. Fica claro que esta tarefa, sendo urgente, tem de ser articulada entre toda a comunidade educativa, com envolvimento direto dos pais/encarregados de educação, bem como de outros protagonistas no sentido de se desenvolverem estratégias de intervenção dirigidas às reais necessidades dos adolescentes

Palavras-chave: Gestão, Adolescentes, Indisciplina escolar, Clima organizacional, Escola, Família

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