A heurística da disponibilidade e a identificação do ciclo económico: uma análise baseada nos dados de confiança dos consumidores em Portugal

Main Article Content

Luís Bernardes
https://orcid.org/0000-0001-6377-4538

Resumo

A Heurística da Disponibilidade, originalmente designada por Daniel Kahneman e Amos Tversky, descreve o fenómeno comportamental segundo o qual os indivíduos antecipam a frequência de um evento com base na facilidade com que se conseguem lembrar de exemplos desse evento. Este estudo analisa de que forma este “efeito disponibilidade” pode ajudar a identificar e a antecipar o ciclo económico, utilizando como medida desse efeito a diferença das respostas dos consumidores portugueses às questões sobre a “evolução da situação financeira do agregado familiar” e a “evolução da situação económica do país” constantes dos inquéritos mensais de confiança. O estudo conclui que o “efeito disponibilidade” aumenta a robustez da correlação contemporânea entre os indicadores de confiança e o crescimento económico, em parte porque mitiga as limitações decorrentes do chamado “efeito referência”, segundo o qual o nível de confiança dos indivíduos é influenciado, a cada momento, por um “ponto de referência”, nem sempre constante. O estudo conclui, ainda, que o “efeito disponibilidade” apresenta uma elevada correlação desfasada com a atividade económica, podendo contribuir para reforçar o papel dos índices de confiança como indicadores avançados do ciclo económico. Um argumento possível para este resultado é que o “efeito disponibilidade” capta simultaneamente o volume de informação existente sobre o ciclo económico e a previsível resposta dos indivíduos a essa informação.

Palavras-chave: Heurísticas, Disponibilidade, Ciclo económico, Indicadores avançados

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Aarle, B., Moons, C. (2017). Sentiment and Uncertainty Fluctuations and Their Effects on the Euro Area Business Cycle, Journal of Business Cycle Research, 13(2), 225-251. https://doi.org/10.1007/s41549-017-0020-y

Acemoglu, D., Scott, A. (1994). Consumer Confidence and Rational Expectations: Are Agents' Beliefs Consistent with the Theory?, Economic Journal, 104:422, 1-19. https://doi.org/10.2307/2234671

Assarsson, B., Osterholm, P. (2015). Do Swedish Consumer Confidence Indicators Do What They Are Intended to Do?. Applied Economics Quarterly, 61(4), 391-404. https://doi.org/10.3790/aeq.61.4.391

Banco de Portugal (2018). Indicadores Coincidentes. https://www.bportugal.pt/publications/banco-de-portugal/all/116. Acedido em 22 de março de 2018.

Banco de Portugal (2018). Boletim Económico. https://www.bportugal.pt/publications/banco-de-portugal/all/381. Acedido em 22 de março de 2018.

Bateman, L., Munro, A., Rhodes, B., Starmer, C., Sudgen, R. (1997). A Test of the Theory of Reference-Dependent Preferences, Quarterly Journal of Economics, 112(2), 479-505. https://doi.org/10.1162/003355397555262

Bondt, J., Schiaffi, S. (2015). Confidence Matters for Current Economic Growth: Empirical Evidence for the Euro Area and the United States, Social Science Quarterly, 96(4), 1027-1040. https://doi.org/10.1111/ssqu.12181

Bowman, D., Minehart, D., Rabin, M. (1999). Loss Aversion in a Consumption-Savings Model, Journal of Economic Behavior and Organization, 38(2), 155-78. https://doi.org/10.1016/s0167-2681(99)00004-9

Carroll, C., Fuhrer, J., Wilcox, D. (1994). Does Consumer Sentiment Forecast Household Spending? If So, Why? American Economic Review, 84(5), 1397-1408.

Casey, G., Owen, A. (2013). Good News, Bad News, and Consumer Confidence, Social Science Quarterly, 94(1), 292-315. https://doi.org/10.1111/j.1540-6237.2012.00900.x

Dees, S., Brinca, P. S. (2013). Consumer Confidence as a Predictor of Consumption Spending: Evidence for the United States and the Euro Area, International Economics, 134, 1-14. https://doi.org/10.1016/j.inteco.2013.05.001

Directorate General for Economic and Financial Affairs (2018). Business and Consumer Surveys. https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/indicators-statistics/economic-databases/business-and-consumer-surveys_en. Acedido em 22 de março de 2018.

Dominitz, J., Manski, C. (2004). How Should We Measure Consumer Confidence?, Journal of Economic Perspectives, 18(2), 51-66. https://doi.org/10.1257/0895330041371303

Gilovich, T., Griffin, D. W., Kahneman, D. (eds) (2002). Heuristics and Biases: The Psychology of Intuitive Judgment. Great Britain: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/cbo9780511808098

Golinelli, R., Parigi, G. (2004). Consumer Sentiment and Economic Activity: A Cross Country Comparison, Journal of Business Cycle Measurement and Analysis, 2004(2), 147-170. https://doi.org/10.1787/jbcma-v2004-art10-en

Greifeneder, R., Bless, H. (2007). Relying on Accessible Content Versus Accessibility Experiences: The Case of Processing Capacity, Social Cognition, 25, 853-881. https://doi.org/10.1521/soco.2007.25.6.853

Instituto Nacional de Estatística (2018). Contas Nacionais. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_cnacionais. Acedido em 22 de março de 2018.

Instituto Nacional de Estatística (2018). Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=308000936&DESTAQUESmodo=2. Acedido em 22 de março de 2018.

Kahneman, D. (2011). Thinking, fast and slow. Great Britain: Allen Lane.

Kahneman, D., Knetsch, J. L., Thaler, R. (1991). Anomalies: The Endowment Effect, Loss Aversion, and Status Quo Bias, Journal of Economic Perspectives, 5(1), 193-206. https://doi.org/10.1257/jep.5.1.193

Kahneman, D., Slovic, P., Tversky, A. (eds) (1982). Judgment Under Uncertainty: Heuristics and Biases. Great Britain: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/cbo9780511809477

Kahneman, D., Tversky, A. (1979). Prospect Theory: An Analysis of Decision Under Risk, Econometrica, 47(2), 263-291. https://doi.org/10.2307/1914185

Kahneman, D., Tversky, A. (1984). Choices, Values and Frames, American Psychologist, 39(4), 341-350. https://doi.org/10.1037//0003-066x.39.4.341

Lewis, M. (2017). The Undoing Project: A Friendship that Changed the World. Great Britain: Allen Lane.

Ludvigson, S. C. (2004). Consumer Confidence and Consumer Spending, Journal of Economic Perspectives, 18(2), 29-50. https://doi.org/10.1257/0895330041371222

Matsusaka, J., Sbordone, A. (1995). Consumer Confidence and Economic Fluctuations, Economic Inquiry, 33(2), 296-318. https://doi.org/10.1111/j.1465-7295.1995.tb01864.x

Organization for Economic Co-operation and Development, OCDE (2018). Leading indicators and tendency surveys. http://www.oecd.org/sdd/leading-indicators/. Acedido em 22 de março de 2018.

Rabin, M. (1998). Psychology and Economics, Journal of Economic Literature, 36(1), 11-46.

Rua, A. (2004). Um novo indicador coincidente para a economia portuguesa. Boletim Económico do Banco de Portugal, junho, 21-29.

Schwarz, N., Bless, H., Strack, F., Klumpp, G., Rittenauer-Schatka, H., Simons, A. (1991). Ease of Retrieval as Information: Another Look at the Availability Heuristic. Journal of Personality and Social Psychology, 61(2), 195-202.

Tversky, A., Kahneman, D. (1973). Availability: A Heuristic for Judging Frequency and Probability, Cognitive Psychology, 5, 207-232. https://doi.org/10.1016/0010-0285(73)90033-9

Tversky, A., Kahneman, D. (1974). Judgment Under Uncertainty: Heuristics and Biases, Science, 185, 1124-1131. https://doi.org/10.1126/science.185.4157.1124

Tversky, A., Kahneman, D. (1981). The Framing of Decisions and the Psychology of Choice, Science, 211, 453-458. https://doi.org/10.1126/science.7455683

Tversky, A., Kahneman, D. (1991). Loss Aversion in Riskless Choice: A Reference-Dependent Model, Quarterly Journal of Economics, 106(4), 1039-1061. https://doi.org/10.2307/2937956

Wanke, M. Schwarz, N., Bless, H. (1995). The Availability Heuristic Revisited: Experienced Ease of Retrieval in Mundane Frequency Estimates, Acta Psychologica, 89, 83-90. https://doi.org/10.1016/0001-6918(93)e0072-a