A heurística da disponibilidade e a identificação do ciclo económico: uma análise baseada nos dados de confiança dos consumidores em Portugal
Main Article Content
Resumo
A Heurística da Disponibilidade, originalmente designada por Daniel Kahneman e Amos Tversky, descreve o fenómeno comportamental segundo o qual os indivíduos antecipam a frequência de um evento com base na facilidade com que se conseguem lembrar de exemplos desse evento. Este estudo analisa de que forma este “efeito disponibilidade” pode ajudar a identificar e a antecipar o ciclo económico, utilizando como medida desse efeito a diferença das respostas dos consumidores portugueses às questões sobre a “evolução da situação financeira do agregado familiar” e a “evolução da situação económica do país” constantes dos inquéritos mensais de confiança. O estudo conclui que o “efeito disponibilidade” aumenta a robustez da correlação contemporânea entre os indicadores de confiança e o crescimento económico, em parte porque mitiga as limitações decorrentes do chamado “efeito referência”, segundo o qual o nível de confiança dos indivíduos é influenciado, a cada momento, por um “ponto de referência”, nem sempre constante. O estudo conclui, ainda, que o “efeito disponibilidade” apresenta uma elevada correlação desfasada com a atividade económica, podendo contribuir para reforçar o papel dos índices de confiança como indicadores avançados do ciclo económico. Um argumento possível para este resultado é que o “efeito disponibilidade” capta simultaneamente o volume de informação existente sobre o ciclo económico e a previsível resposta dos indivíduos a essa informação.
Downloads
Referências
Aarle, B., Moons, C. (2017). Sentiment and Uncertainty Fluctuations and Their Effects on the Euro Area Business Cycle, Journal of Business Cycle Research, 13(2), 225-251. https://doi.org/10.1007/s41549-017-0020-y
Acemoglu, D., Scott, A. (1994). Consumer Confidence and Rational Expectations: Are Agents' Beliefs Consistent with the Theory?, Economic Journal, 104:422, 1-19. https://doi.org/10.2307/2234671
Assarsson, B., Osterholm, P. (2015). Do Swedish Consumer Confidence Indicators Do What They Are Intended to Do?. Applied Economics Quarterly, 61(4), 391-404. https://doi.org/10.3790/aeq.61.4.391
Banco de Portugal (2018). Indicadores Coincidentes. https://www.bportugal.pt/publications/banco-de-portugal/all/116. Acedido em 22 de março de 2018.
Banco de Portugal (2018). Boletim Económico. https://www.bportugal.pt/publications/banco-de-portugal/all/381. Acedido em 22 de março de 2018.
Bateman, L., Munro, A., Rhodes, B., Starmer, C., Sudgen, R. (1997). A Test of the Theory of Reference-Dependent Preferences, Quarterly Journal of Economics, 112(2), 479-505. https://doi.org/10.1162/003355397555262
Bondt, J., Schiaffi, S. (2015). Confidence Matters for Current Economic Growth: Empirical Evidence for the Euro Area and the United States, Social Science Quarterly, 96(4), 1027-1040. https://doi.org/10.1111/ssqu.12181
Bowman, D., Minehart, D., Rabin, M. (1999). Loss Aversion in a Consumption-Savings Model, Journal of Economic Behavior and Organization, 38(2), 155-78. https://doi.org/10.1016/s0167-2681(99)00004-9
Carroll, C., Fuhrer, J., Wilcox, D. (1994). Does Consumer Sentiment Forecast Household Spending? If So, Why? American Economic Review, 84(5), 1397-1408.
Casey, G., Owen, A. (2013). Good News, Bad News, and Consumer Confidence, Social Science Quarterly, 94(1), 292-315. https://doi.org/10.1111/j.1540-6237.2012.00900.x
Dees, S., Brinca, P. S. (2013). Consumer Confidence as a Predictor of Consumption Spending: Evidence for the United States and the Euro Area, International Economics, 134, 1-14. https://doi.org/10.1016/j.inteco.2013.05.001
Directorate General for Economic and Financial Affairs (2018). Business and Consumer Surveys. https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/indicators-statistics/economic-databases/business-and-consumer-surveys_en. Acedido em 22 de março de 2018.
Dominitz, J., Manski, C. (2004). How Should We Measure Consumer Confidence?, Journal of Economic Perspectives, 18(2), 51-66. https://doi.org/10.1257/0895330041371303
Gilovich, T., Griffin, D. W., Kahneman, D. (eds) (2002). Heuristics and Biases: The Psychology of Intuitive Judgment. Great Britain: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/cbo9780511808098
Golinelli, R., Parigi, G. (2004). Consumer Sentiment and Economic Activity: A Cross Country Comparison, Journal of Business Cycle Measurement and Analysis, 2004(2), 147-170. https://doi.org/10.1787/jbcma-v2004-art10-en
Greifeneder, R., Bless, H. (2007). Relying on Accessible Content Versus Accessibility Experiences: The Case of Processing Capacity, Social Cognition, 25, 853-881. https://doi.org/10.1521/soco.2007.25.6.853
Instituto Nacional de Estatística (2018). Contas Nacionais. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_cnacionais. Acedido em 22 de março de 2018.
Instituto Nacional de Estatística (2018). Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=308000936&DESTAQUESmodo=2. Acedido em 22 de março de 2018.
Kahneman, D. (2011). Thinking, fast and slow. Great Britain: Allen Lane.
Kahneman, D., Knetsch, J. L., Thaler, R. (1991). Anomalies: The Endowment Effect, Loss Aversion, and Status Quo Bias, Journal of Economic Perspectives, 5(1), 193-206. https://doi.org/10.1257/jep.5.1.193
Kahneman, D., Slovic, P., Tversky, A. (eds) (1982). Judgment Under Uncertainty: Heuristics and Biases. Great Britain: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/cbo9780511809477
Kahneman, D., Tversky, A. (1979). Prospect Theory: An Analysis of Decision Under Risk, Econometrica, 47(2), 263-291. https://doi.org/10.2307/1914185
Kahneman, D., Tversky, A. (1984). Choices, Values and Frames, American Psychologist, 39(4), 341-350. https://doi.org/10.1037//0003-066x.39.4.341
Lewis, M. (2017). The Undoing Project: A Friendship that Changed the World. Great Britain: Allen Lane.
Ludvigson, S. C. (2004). Consumer Confidence and Consumer Spending, Journal of Economic Perspectives, 18(2), 29-50. https://doi.org/10.1257/0895330041371222
Matsusaka, J., Sbordone, A. (1995). Consumer Confidence and Economic Fluctuations, Economic Inquiry, 33(2), 296-318. https://doi.org/10.1111/j.1465-7295.1995.tb01864.x
Organization for Economic Co-operation and Development, OCDE (2018). Leading indicators and tendency surveys. http://www.oecd.org/sdd/leading-indicators/. Acedido em 22 de março de 2018.
Rabin, M. (1998). Psychology and Economics, Journal of Economic Literature, 36(1), 11-46.
Rua, A. (2004). Um novo indicador coincidente para a economia portuguesa. Boletim Económico do Banco de Portugal, junho, 21-29.
Schwarz, N., Bless, H., Strack, F., Klumpp, G., Rittenauer-Schatka, H., Simons, A. (1991). Ease of Retrieval as Information: Another Look at the Availability Heuristic. Journal of Personality and Social Psychology, 61(2), 195-202.
Tversky, A., Kahneman, D. (1973). Availability: A Heuristic for Judging Frequency and Probability, Cognitive Psychology, 5, 207-232. https://doi.org/10.1016/0010-0285(73)90033-9
Tversky, A., Kahneman, D. (1974). Judgment Under Uncertainty: Heuristics and Biases, Science, 185, 1124-1131. https://doi.org/10.1126/science.185.4157.1124
Tversky, A., Kahneman, D. (1981). The Framing of Decisions and the Psychology of Choice, Science, 211, 453-458. https://doi.org/10.1126/science.7455683
Tversky, A., Kahneman, D. (1991). Loss Aversion in Riskless Choice: A Reference-Dependent Model, Quarterly Journal of Economics, 106(4), 1039-1061. https://doi.org/10.2307/2937956
Wanke, M. Schwarz, N., Bless, H. (1995). The Availability Heuristic Revisited: Experienced Ease of Retrieval in Mundane Frequency Estimates, Acta Psychologica, 89, 83-90. https://doi.org/10.1016/0001-6918(93)e0072-a