A língua gestual e o ensino de surdos: uma reflexão sobre as práticas bilingues

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Luísa Margarida Freitas

Resumo

O desenvolvimento cognitivo, linguístico, comunicacional, social e cultural das crianças surdas depende da aquisição precoce de uma língua, preferencialmente a Língua Gestual Portuguesa (LGP). Se estas crianças forem expostas a esta língua de modalidade visuo-gestual, desde cedo, a sua aquisição e o seu domínio ocorrerão de forma natural, o que facilitará todas as suas futuras aprendizagens. Contudo, a maioria das crianças surdas é filha de pais ouvintes, não tendo, por isso, acesso à LGP, o que as pode conduzir ao fraco rendimento escolar. Através de uma revisão crítica da literatura e das respostas atualmente implementadas em Portugal, pretendemos discutir a aquisição precoce da LGP e os papéis desempenhados pelos serviços de intervenção precoce, pela família e pelas Escolas de Referência para a Educação Bilingue (EREBAS), evidenciando o seu contexto específico e complexo que requer equipas e práticas especializadas e a necessidade de atuação junto das crianças surdas e das suas famílias para que o educando possa alcançar um desenvolvimento integral. As grandes conclusões que resultam da reflexão crítica abordam a necessidade de integração da família do jovem surdo na comunidade surda, a aprendizagem da Língua Gestual, o acompanhamento da família pelas equipas de intervenção precoce e a reflexão sobre a formação de profissionais intervenientes na educação de surdos em Portugal.

Palavras-chave: Surdez, Língua Gestual Portuguesa, Ensino bilingue

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